A Exposição Coletiva "Contribuição Histórica da Mulher Negra no Brasil” que fez parte da 16a. Semana Nacional de Museus promovida pelo IBRAM realizada no Espaço Cultural do Hospital IPO, está fazendo uma itinerância e agora pode ser vista na histórica Casa da Cultura do Município de Colombo, Paraná, de 02 a 30 de julho de 2018, com visitação de segunda a sexta-feira das 8h às 11h e das 13h às 16h.
A mostra “A Contribuição
Histórica da Mulher Negra no Brasil”, exalta a personalidade das afrodescendentes e ou um
ato ou ação cultural, da fé, da luta e demais labores, partindo da história até
a contemporaneidade, a itinerância começou no mês de Maio com a comemoração dos 130 anos da assinatura da Lei Áurea.
Participam desta Exposição os seguintes Artistas com as obras:
- “Nossa Senhora Aparecida” - Obra da artista Ana Lectícia Mansur
- “A Benzedeira” - Obra do Artista e caricaturista Ari Vicentini
- “ZEZÉ MOTTA - Senhora Liberdade” – Obra da Artista e poeta Bia Ferreira
- “Origem” - Obra da artista visual e orientadora de artes Carla Schwab
- “Peito Preto” - Obra da Artista Cecifrance Aquino
- “Drª Vera Lúcia Laranjeira Manoel” - Obra do artista e curador Celso Parubocz
- “Babuszka Santa Escrava Anastácia” - Obra do artista e curador Eloir Jr.
- “Uma Cabeça Cheia de Cores” - Obra da Artista, Professora e Colunista Katia Velo
- “Selma Alves” - Obra da Artista Kézia Talisin
- “Miss Brasil 2016, Raissa Santana”
- "Quarto de despejo", obra do artista Luiz Felix
- “Black Power” – obra do artista Márcio Prodócimo
- “Escravas do Consumo” - obra do artista e designer Oswaldo Fontoura Dias
- “Todas” – Obra da artista Raquel Frota
- “Ama de Leite” – Obra da artista Tania Leal
“Nossa Senhora Aparecida” - Obra da artista Ana Lectícia Mansur – Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
Entre aguadas e camadas de tintas que compõem um fundo absoluto e contemporâneo, a artista faz surgir a padroeira da fé brasileira na mais privilegiada das linguagens artísticas, a arte naïf. Nossa Senhora Aparecida, a mãe negra do Brasil vestida em túnica exclusivamente criada pela artista na cor vermelha, é devocionalmente agraciada na obra de Ana Lectícia Mansur, cujo trabalho artístico culmina com o tricentenário do encontro da imagem pelos pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves.
“A Benzedeira” - Obra do Artista e caricaturista Ari Vicentini - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
A obra retrata uma representante de comunidade afrodescendente do Feixo, na Lapa-PR
Mesmo com o avanço da medicina no século XXI e o surgimento de novas técnicas de tratamento farmacológico, ainda há pessoas que procuram o aconchego e as rezas destas magas das comunidades negras.
A fé e a crença popular munem estas pessoas a procura destas tradicionais mulheres que resistem ao tempo e conseguem manifestar sua divindade através de gestos, ações, conhecimento sobre ervas medicinais, simpatias e a própria oralidade sagrada que é proferida a quem necessita. Há um respeito histórico e popular ao dom recebido e oferecido, e ainda maior de quem vai em busca de uma cura.
“ZEZÉ MOTTA-Senhora Liberdade” – Obra da Artista e poeta Bia Ferreira - Trrabalho em óleo e mista sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
A obra criada por Bia Ferreira, retrata a grande atriz brasileira Zezé Motta, resgatando na técnica mista e óleo sobre tela, um pouco da trajetória desta importante ícone da teledramaturgia brasileira.
Maria José Motta de Oliveira, conhecida como Zezé Motta, é considerada uma das atrizes mais importantes da Teledramaturgia brasileira. Começou a carreira em 1967, estrelando a peça “Roda-Viva” de Chico Buarque. Em 1969 atuou em “Fígaro, fígaro”, “Arena canta Zumbi” e “A Vida escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato”. Em 1974, atuou em “Godspell” e em 1999 participou do filme “Orfeu”. A carreira de cantora teve início em 1971, em casas noturnas paulistas. De 1975 a 1979, lançou três LPs. Nos anos 1980, lançou mais 03 discos. Como cantora destacou-se com a música “Senhora Liberdade”. Ganhou vários prêmios pela atuação no cinema e na televisão, mas seu ápice foi desempenhando o papel de “Chica da Silva”, tanto no cinema, como, mais tarde, na televisão. Além disso, participa esporadicamente de discussões sobre o papel dos negros na teledramaturgia.
“Origem” - Obra da artista visual e orientadora de artes Carla Schwab - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 90x80cm, ano 2018.
Tramas e Rendas compõem a assinatura artística da artista e orientadora de Artes Carla Schwab, e dentro deste milenar trabalho manual, a artista faz surgir a identidade negra, a beleza, sutileza e toda a “Origem” de hábitos e costumes de centenas de tribos africanas que influenciaram a cultura brasileira. A policromia rendada por pincéis, evidencia as características de um gigante continente, multifacetado pela riqueza e detalhamento das tramas que emolduram o rosto de impactante beleza negra.
“Peito Preto” - Obra da Artista Cecifrance Aquino - Trabalho em acrílica e mista sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
A cultura materna europeia estabelecida no Brasil no século XIX, tão pobre de amor e conhecimento, escolhe como modelo ideal utilizar-se de amas africanas, trazidas para amamentar os filhos das damas e cuidar deles. A mãe via a maternidade como um fardo indigno que atrapalhava o que lhe cabia: o bom gerenciamento da casa. Escravas eram vendidas como amas e seus próprios bebês ignorados. Logo o negócio de amas-de-leite tornou-se altamente rentável...E com a abolição logo surgiram as babás... século XX, afrodescendentes, mal pagas, sem vínculo empregatício , doando suas vidas na criação de filhos alheios: escravas contemporâneas? A obra em questão apresenta fotos de Albert Henschel, fotógrafo alemão que se estabeleceu em Pernambuco tornando-se um dos primeiros profissionais da área no século XIX. Entre anúncios em busca de escravas, esta produção, quase uma assemblage, propõe num misto de caos e azulejaria de influência portuguesa (encontrada na época em construções de São Luiz do Maranhão e algumas cidades do Nordeste) resgatar num flash, mais esta injustiça e desvantagem histórica da mulher negra no Brasil.
“Drª Vera Lúcia Laranjeira Manoel” - Obra do artista e curador Celso Parubocz - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
Homenagem a Drª Vera Lúcia Laranjeira Manoel, Advogada da Cidade de Ponta Grossa, responsável pela manutenção do Clube Literário 13 de maio em Ponta Grossa, bem como a preservação da mais antiga Manifestação Cultural de nossa Cidade: O Carnaval. O artista vê
na imagem desta Mulher Guerreira um símbolo de que não podemos deixar a vitimização tomar conta dos nossos jovens, precisamos sim motivá-los a lutar para adquirirem sempre mais qualidade de Vida e um Mundo melhor.
“Babuszka Santa Escrava Anastácia” - Obra do artista e curador Eloir Jr. - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 90x60cm, ano 2018.
Dentro de sua assinatura artística, as tradicionais matrioszkas e Babuszkas, o artista retrata um ícone da fé e da cultura afro-brasileira.
Cultuada como santa e heroína, a escrava Anastácia é considerada uma das mais importantes personalidades religiosas negras da história escravista do Brasil. Sua existência foi um combinação de luta com bravura, resistência, doçura, beleza e fé. Em versões populares e antigas escritas ou registros, narram sobre uma bela mulher negra de olhos azuis, que não cedeu aos apelos sexuais de seu senhor e, por isso, foi estuprada e recebeu a mordaça de folha de flandres e a gargantilha de ferro. Anastácia nasceu em 12 de maio de 1740, viveu na Bahia e em Minas Gerais e foi levada ao Rio de Janeiro, sua data e local de morte são incertos, mas sabe-se que seus restos mortais encontram-se na Igreja do Rosário no centro da capital fluminense. A luta de Anastácia contra a escravidão e assédios transformou-se em exemplo e até hoje sua força inspira a fé de milhares de devotos que comemoram seu dia em 12 de maio.
“Uma Cabeça Cheia de Cores” - Obra da Artista, Professora e Colunista Katia Velo - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
"Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas."Com a frase da escritora americana Audre Lorde, Marielle encerrou o encontro com as mulheres do movimento, Jovens Negras Movendo as Estruturas, um pouco antes de ser assassinada com quatro . O preconceito já traduz a incapacidade de compreender o outro. Preconceito (pré-conceito) opinião, julgamento, análise sem conhecimento. Violência só gera violência, redundante, mas fatídico. Qualquer intervenção em um momento crítico pode ser necessária, mas não resolve o que a motiva. No Brasil, o desemprego, a miséria, a desigualdade social, o descaso com a educação, a falta de oportunidade e a roubalheira sem precedentes dos políticos, nos conduz a um pensamento coletivo do tipo “se eles fazem, por que eu também não posso?”. Não adianta só construir mais presídios, colocar mais policiais (ou soldados) nas ruas, criar mais leis. Você até pode tentar estancar o sangue colocando um torniquete, mas o problema continua e só vai piorar. Os próximos passos: amputação e, consequentemente, morte. Devemos e podemos mudar! Que a justiça, igualdade e oportunidade possam ser a tríade do nosso Brasil! Não importa a cor, cargo, opção sexual, sexo, religião, um crime é um crime! Preconceito é crime! Basta!
“Selma Alves” - Obra da Artista Kézia Talisin – Trabalho em acrílica e colagem de papel sobre tela, com de 88x75 cm, ano 2018
A tela "SELMA ALVES" foi inspirada nesta personalidade natural de Nova Esperança-PR, residente em Paranaguá desde 1990, que após a realização na profissão de magistério, foi em busca do sonho de menina negra e pobre - "uma escola cheia de crianças". Há dez anos as primeiras realizações do projeto em meio a inúmeras dificuldades começaram a se concretizar. Hoje, o Colégio atende 450 alunos do maternal ao ensino médio, 42 funcionários efetivos e 10 indiretos. Superando o desafio de aceitar-se e acreditar em si mesma, além do preconceito, racismo e descrédito.
“Miss Brasil 2016, Raissa Santana” – Obra da artista e arquiteta Luciana Martins - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
Em spatulée, entre sutis faturas plásticas e o próprio gestual, evidencia-se um pantone de verdes, onde a artista e arquiteta Luciana Martins, faz surgir a rainha da beleza negra nacional, Raissa Santana, representando o Estado do Paraná, foi eleita a miss Brasil 2016, é escolhida por Luciana, para exaltar o encanto das afrodescendentes que aqui se eternizam.
Raissa Oliveira Santana, nasceu em Itaberaba-BA em 06/07/1995, aos seis anos mudou com sua família para Umuarama no Paraná, onde reside até hoje. Raissa se tornou a segunda mulher negra a ser eleita nacionalmente como Miss, depois de exatos 30 anos da vitória da gaúcha Deise Nunes.
“Quarto de Despejo” - Obra do artista Luiz Felix - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
O gestual contemporaneo do artista, com desenhos de linha, hachuras e aguadas de cor, ilustram a conceituada escritora negra, Carolina Maria de Jesus e sua obra, Quarto de despejo: Diário de uma favela.
Carolina Maria de Jesus (1914/1977) nasceu em uma família extremamente pobre, trabalhou desde muito cedo para auxiliar no sustento da casa. Com isso, acabou não frequentando a escola, além de dois anos. Mudou-se para São Paulo, indo morar na favela, para sustentar a si e seus filhos, tornou-se catadora de papel. Guardava alguns desses papéis, para registrar seu cotidiano na favela, denunciando a realidade excludente em que viviam os negros. Em 1960, foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que conheceu seus escritos. Assim, ela escreveu o livro Quarto de Despejos, que vendeu mais de 100 mil exemplares.
Tornou-se uma escritora reconhecida, particularmente fora do país, sendo incluída na antologia de escritoras negras, publicada em 1980 pela Randon House, em Nova York. (Fonte: GGN, o Jornal de todos os Brasis)
“Black Power” – obra do artista Márcio Prodócimo - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
Com figuração ímpar e muito própria de sua assinatura artística, Márcio Prodócimo ilustra o seu cenário pictórico da pop art, e nesta linguagem o artista cria a obra que homenageia as mulheres negras da música brasileira.
O poder e a força da madeixa negra cultuada no Brasil a partir da década de 1970, é minuciosamente elaborada em notas musicais.
“Escravas do Consumo” - obra do artista e designer Oswaldo Fontoura Dias - Trabalho em acrílica e mista sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
A conscientização em questões de responsabilidade social e sustentabilidade são contextos foco no labore do artista e designer Oswaldo Fontoura Dias, que utiliza em suas obras diversos materiais recicláveis. Neste trabalho, o artista integra embalagens cobertas em acrílicas sobre prancha rígida, a figura de uma mulher negra, censurada com um código de barras na face, nos propondo a reflexão do consumo de uma sociedade escravocrata do Brasil colonial.
“Todas” – Obra da artista Raquel Frota - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
De forte impacto gestual e visual, entre camadas de tintas e vestígios pictóricos, a artista Raquel Frota batiza sua obra com signos e nomes próprios de dezessete personalidades negras que contribuíram para a história nacional brasileira. Entre Dandara, rainha dos Palmares e Anastácia ícone da fé, Carolina Maria de Jesus, a escritora, Zeferina e Maria Felipa, Adelina, Marielle entre outras, estão os martírios e as lutas, conquistas e méritos, bem como a expressão cultural e conhecimentos conquistados por estas negras mulheres, dignas Ahosi do reino de Daomé.
“Ama de Leite” – Obra da artista Tania Leal - Trabalho em acrílica sobre tela, com dimensão: 80x60cm, ano 2018.
O Universo feminino é o tema pictórico preferido da artista Tania Leal, nele se encontra suas belas figurações, e nesta obra “Ama de Leite”, a artista exalta a doçura, a beleza e o aleitamento materno que as mulheres negras nutriam aos filhos da sociedade branca. Na história da colonização brasileira, os próprios colonizadores europeus, não viam a amamentação em sua cultura, como uma atividade nobre a mulher branca. Recorreram de início as índias que aqui habitavam, e tão logo foram culturalmente rejeitadas, sendo as mulheres negras escravizadas, as mais capazes para amamentarem e cuidarem de seus filhos. E durante este período de colonização, as escravas negras com ou sem filhos, eram comercializadas para este fim.