“Untitled” [“Sem Título”], do norte-americano Jean-Michel Basquiat,
foi comprada pelo empresário e colecionador japonês Yusaku Maezaw.
Um quadro do norte-americano Jean-Michel Basquiat foi
vendido esta quinta-feira pelo valor recorde de 110 milhões
de dólares, numa noite dedicada à arte contemporânea realizada
pela leiloeira Sotheby's.
"Hoje à noite, Jean-Michel Basquiat entrou no panteão de
artistas cujas obras comandaram preços acima dos 100 milhões
de euros, incluindo Picasso, Giacometti, Bacon e Warhol"
disse o responsável pelo Departamento de Arte Contemporânea
da Sotheby´s em Nova Iorque, Gregoire Billault.
A peça foi comprada pelo empresário e colecionador japonês
Yusaku Maezawa após ter sido disputada durante 10 minutos
pelos interessados, numa disputa que estava a ser assistida por m
ilhares de pessoas na rede social Instagram.
"Quando vi a pintura, fui atingido pelo entusiasmo e gratidão
do meu amor pela arte", confessou Maezawa, que tenciona
exibir o quadro no seu próprio museu, no Japão, depois de
emprestá-lo a instituições e exposições de todo o mundo.
O colecionador japonês acrescentou que espera que a peça
"traga tanta alegria para os outros" quanto para ele.
A obra "Untitled" reflete um crânio negro sobre um fundo azul,
com as dimensões de 1,83 x 1,73 metros, e era praticamente
desconhecida antes de ter sido revelada pela leiloeira Sotheby's.
A Sotheby's afirmou que o quadro permaneceu numa coleção
privada desde que foi comprado em leilão no ano de 1984,
por menos de 19 mil euros.
Em maio do ano passado, um quadro da autoria de Basquiat
foi vendido pela empresa Christie's, por 51 milhões de euros,
e comprado pelo colecionador Maezawa.
Jean-Michel Basquiat (Nova Iorque, 22 de dezembro de 1960 - Nova Iorque, 12 de agosto de 1988) foi um artista americano.
Ganhou popularidade primeiro como um grafiteiro na cidade onde nasceu e então como neo-expressionista. As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas e costumam atingir preços altos em leilões de arte.
Carreira
Basquiat tinha ascendência porto-riquenha por parte de mãe e haitiana por parte de pai. Desde cedo mostrou uma aptidão incomum para a arte e foi influenciado pela mãe, Matilde, a desenhar, pintar e a participar de atividades relacionadas ao mundo artístico. Em 1977, aos 17 anos, Basquiat e um amigo, Al Diaz, começaram a fazer grafite em prédios abandonados em Manhattan. A assinatura era sempre a mesma: "SAMO" ou "SAMO shit" ("same old shit", ou, traduzindo, "sempre a mesma merda"). Isso gerou curiosidade nas pessoas, principalmente pelo conteúdo das mensagens grafitadas. Em dezembro de 1978, o veículo Village Voice publicou um artigo sobre as escrituras. O projeto "SAMO" acabou com o epitáfio "SAMO IS DEAD" (SAMO está morto) escrito nas paredes de construções do SoHo nova-iorquino.
Em 1978, Basquiat abandonou a escola e saiu de casa, apenas um ano antes de se formar. Mudou-se para a cidade e passou a viver com amigos, sobrevivendo através da venda de camisetas e postais na rua. Um ano depois, em 1979, contudo, Basquiat ganhou um status de celebridade dentro da cena de arte de East Village em Manhattan por suas aparições regulares em um programa televisivo. No fim da década de 1970, Basquiat formou uma banda chamada Gray, com o então desconhecido músico e ator Vincent Gallo. Com o conjunto, tocaram em clubes como Max's Kansas City, CBGB, Hurrahs e o Mudd Club. Basquiat e Gallo viriam a trabalhar em um filme chamado Downtown 81 (também conhecido por "New York Beat Movie"). A trilha sonora deste tinha algumas gravações raras da Gray. A carreira cinematográfica de Basquiat também incluiu uma aparição no vídeo "Rapture" da banda Blondie.
Basquiat começou a ser mais amplamente reconhecido em junho de 1980 quando participou do The Times Square Show, uma exposição de vários artistas patrocinada por uma instituição de nome "Colab". Em 1981, o poeta, crítico de arte e "provocador cultural" Rene Ricard publicou um artigo em que comentava sobre o artista. Isso ajudou a catapultar de vez a carreira de Basquiat internacionalmente. Nos anos consecutivos, Basquiat continuou a exibir sua obra em Nova York ao lado de artistas como Keith Haring e Barbara Kruger. Também realizou exposições internacionais com a ajuda de galeristas famosos.
Já em 1982, Basquiat era visto freqüentemente na companhia de Julian Schnabel, David Salle e outros curadores, colecionadores e especialistas em arte que seriam conhecidos depois como os "neo-expressionistas". Ele começou a namorar, também, uma cantora desconhecida na época, Madonna. Neste mesmo ano, conheceu Andy Warhol, com quem colaborou ostensivamente e cultivou amizade.
Dois anos depois, em 1984, muitos de seus amigos estavam preocupados com seu uso excessivo de drogas e seu comportamento paranóico. Basquiat, então, já estava viciado em heroína. No dia 10 de fevereiro de 1985, Basquiat foi capa da revista do The New York Times, em uma reportagem dedicada inteiramente a ele. Com o sucesso, foram realizadas diversas exposições internacionais em todas as maiores capitais europeias. Basquiat morreu de um coquetel de drogas (uma combinação de cocaína e heroína conhecida popularmente como "speedball") em seu estúdio, em 1988. Após sua morte, um filme que levava seu nome foi lançado contando sua biografia, dirigido por Julian Schnabel e com o ator Jeffrey Wright no papel de Basquiat.