Tudo
começou na Catalunha, Espanha, em 1926. Um editor local propôs a data em
homenagem à Cervantes, o criador do Dom Quixote. Em 1930 a celebração passou a
ocorrer no dia 23 de abril, data da morte de Cervantes.
Em 1995, a UNESCO
estabeleceu a data oficialmente como o Dia Mundial do livro e do direito de
autor, já que o mesmo dia também marcava o nascimento e falecimento de outros
autores importantes, inclusive William Shakespeare, que também faleceu no mesmo
ano que Cervantes: 1616.
Mas
Cervantes e Shakespeare não compartilhariam o último dia de vida e primeiro dia
de imortalidade sem a ajuda do destino: Cervantes na verdade morreu no dia 22 e
foi enterrado no dia 23, que, com o tempo, popularizou-se como a data
“oficial”. E em 1616, a Espanha adotava o Calendário Gregoriano e a Inglaterra
o calendário Juliano, que têm 10 dias de diferença. Porém, é melhor um mundo em
que Cervantes e Shakespeare estão unidos do que separados, não?
E o que Cervantes tem a ver com o direito de autor?
Quando
Cervantes viveu, não existiam as leis de direitos autorais modernas. Assim,
após o sucesso da publicação da primeira parte do Quixote, um autor
desconhecido usando o pseudônimo Alonso Fernández de Avellaneda publicou uma
continuação, que também fez sucesso e continha vários ataques à Cervantes. O
resultado é que Cervantes utilizou da sua segunda parte para responder esses
ataques, ironizar e desautorizar a obra de Avellaneda.
E
apesar do sucesso de ambas as partes de Don Quixote e até mesmo da continuação
apócrifa de Avellaneda, Cervantes jamais conseguiu independência financeira com
o seu trabalho autoral, sendo obrigado a realizar toda forma de trabalhos
alternativos para se sustentar ....