'Totem Tabu', trabalho de Domingos Guimaraens. Na foto estão Gilberto Chateaubriand, Luiz Alphonsus e Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand (Foto: Yvonne Maggie)
Saí da exposição Novas Aquisições, da Coleção Gilberto Chateaubriand, que reúne obras adquiridas em 2012, 2013 e 2014, emocionada com a beleza da delicada montagem do curador Luiz Camillo Osorio e o esplendor dos inúmeros trabalhos expostos de forma a permitir a fruição da experiência artística.
Voltei para casa de carro com Gilberto Chateaubriand, seu filho, também colecionador e presidente do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, além de Silvia Gouvêa e Luiz Alphonsus. De início, calada, olhando a paisagem do aterro e da orla de Copacabana em uma noite fresca, não resisti e perguntei a Gilberto quando ele havia adquirido sua primeira obra. O colecionador contou que a primeira, uma marinha de Itapoã, na Bahia, de Pancetti, fora doada pelo autor. Pancetti era “um sujeito muito simples”, disse Gilberto, e continuou: “Depois dessa marinha comprei muitas obras de sua autoria e começou aí o meu ‘vício’. Um vício forte que conservo até hoje”. Eu já havia lido e escutado essa história, mas ouvi-la contada pelo próprio Gilberto Chateaubriand me deixou maravilhada.
Sempre me impressionei com o fato de existir no Brasil uma pessoa que dedicou sua vida, generosamente, a colecionar e incentivar jovens artistas. Gilberto Chateaubriand compra apenas por prazer. Com isso preserva a arte e apoia artistas brasileiros, além de permitir que muitas pessoas possam ver e se extasiar diante da enorme diversidade e complexidade da arte do país. Um vício que fez o colecionador construir sua própria obra, uma indescritível coleção da arte brasileira nos últimos cem anos.
Segundo ressalta Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand no texto de abertura da mostraNovas Aquisições, “a coleção iniciada em 1951 hoje conta com mais de 8.000 obras. Cedida em comodato ao Museu de Arte Moderna há 21 anos, é única, no Brasil, em sua vocação institucional, o que nos permite apresentar um cenário completo da arte brasileira dos últimos cem anos.”
Desde a marinha do modernista José Pancetti, Gilberto Chateaubriand, na sua forma simples e bem-humorada foi transformando seu vício em benefício da arte brasileira. Não conheço ninguém que tenha se dedicado tanto e com tanto prazer à arte no Brasil. O que mais me comoveu foi ver que até hoje o colecionador tem o prazer de olhar cada uma das obras que adquire da mesma forma com que viu a primeira.
Este ano a mostra Novas Aquisições me encheu ainda mais de alegria por ver meu filho Domingos Guimaraens abrindo a exposição com o seu Totem Tabu, na parede inicial, e seu pai Luiz Alphonsus, com mais de cem peças na coleção Gilberto Chateaubriand desde que iniciou a carreira na década de 1970, fechando-a com a linda Horizonte/Horizon. Uma exposição de arte que abarca trabalhos de pai e filho vivos é coisa raríssima e é mais uma das façanhas que fazem a mostra ter um sabor todo especial para a mulher e mãe que vive de perto, e com toda a admiração, a trajetória de dois grandes artistas brasileiros, embora diferentes em suas abordagens, se comunicando intensamente através da arte.
Voltei para casa de carro com Gilberto Chateaubriand, seu filho, também colecionador e presidente do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, além de Silvia Gouvêa e Luiz Alphonsus. De início, calada, olhando a paisagem do aterro e da orla de Copacabana em uma noite fresca, não resisti e perguntei a Gilberto quando ele havia adquirido sua primeira obra. O colecionador contou que a primeira, uma marinha de Itapoã, na Bahia, de Pancetti, fora doada pelo autor. Pancetti era “um sujeito muito simples”, disse Gilberto, e continuou: “Depois dessa marinha comprei muitas obras de sua autoria e começou aí o meu ‘vício’. Um vício forte que conservo até hoje”. Eu já havia lido e escutado essa história, mas ouvi-la contada pelo próprio Gilberto Chateaubriand me deixou maravilhada.
Sempre me impressionei com o fato de existir no Brasil uma pessoa que dedicou sua vida, generosamente, a colecionar e incentivar jovens artistas. Gilberto Chateaubriand compra apenas por prazer. Com isso preserva a arte e apoia artistas brasileiros, além de permitir que muitas pessoas possam ver e se extasiar diante da enorme diversidade e complexidade da arte do país. Um vício que fez o colecionador construir sua própria obra, uma indescritível coleção da arte brasileira nos últimos cem anos.
Segundo ressalta Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand no texto de abertura da mostraNovas Aquisições, “a coleção iniciada em 1951 hoje conta com mais de 8.000 obras. Cedida em comodato ao Museu de Arte Moderna há 21 anos, é única, no Brasil, em sua vocação institucional, o que nos permite apresentar um cenário completo da arte brasileira dos últimos cem anos.”
Desde a marinha do modernista José Pancetti, Gilberto Chateaubriand, na sua forma simples e bem-humorada foi transformando seu vício em benefício da arte brasileira. Não conheço ninguém que tenha se dedicado tanto e com tanto prazer à arte no Brasil. O que mais me comoveu foi ver que até hoje o colecionador tem o prazer de olhar cada uma das obras que adquire da mesma forma com que viu a primeira.
Este ano a mostra Novas Aquisições me encheu ainda mais de alegria por ver meu filho Domingos Guimaraens abrindo a exposição com o seu Totem Tabu, na parede inicial, e seu pai Luiz Alphonsus, com mais de cem peças na coleção Gilberto Chateaubriand desde que iniciou a carreira na década de 1970, fechando-a com a linda Horizonte/Horizon. Uma exposição de arte que abarca trabalhos de pai e filho vivos é coisa raríssima e é mais uma das façanhas que fazem a mostra ter um sabor todo especial para a mulher e mãe que vive de perto, e com toda a admiração, a trajetória de dois grandes artistas brasileiros, embora diferentes em suas abordagens, se comunicando intensamente através da arte.
Trabalho de Luiz Alphonsus de 2014, Horizonte/Horizon (Foto: Yvonne Maggie)
Como Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand me disse, na nossa deambulação pela exposição, com aquele seu jeito brincalhão: “A família Guimaraens está presente e abre e fecha a mostra”.
Mesmo com essa emoção a mais, não deixei de percorrer, com o coração batendo forte, os muitos trabalhos não só do eixo Rio–São Paulo, mas de muitos cantos do Brasil. De ver jovens como Nadam Guerra e seu curioso Materializador de sonhos 50, além de Leve leve love, e Daniel Toledo e seu belo O corpo é a casa,presentes nas novas aquisições. De poder admirar as cangas produzidas pelo coletivo Opavivará! presas nas lindas paredes do MAM com frases como “Suruba não é formação de quadrilha” ou “Abaixo as calças”. De ter o privilégio de apreciar os retratos do colecionador em linda foto com seus cachorros na fazenda e também em óleo sobre tela.
Trabalhos de Nadam Guerra, "Materializador de sonhos 50" e "Leve leve love". Estão na foto Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, Gilberto Chateaubriand, Nadam Guerra e Luiz Alphonsus (Foto: Arquivo Yvonne Maggie)
Trabalho de Daniel Toledo, "O corpo é a casa", sendo observado por Gilberto Chateaubriand(Foto: Yvonne Maggie)
"O corpo é a casa", de Daniel Toledo(Foto: Daniel Toledo)
Cangas do coletivo Opavivará! (Foto: Yvonne Maggie)
E não são só pinturas. Há esculturas, vídeos, como o Troups out,de Maria Tuca, que encanta com um estranhotrompe l’oeil, uma caravana ilusionista (assista abaixo). Além disso, pude me deslumbrar diante da beleza da Arqueologia do sensível, quadros de tamanhos variados pintados com uma terra que brilha, de Caroline Valansi.
Trabalho "Arqueologia do sensível", de Caroline Valansi (Foto: Yvonne Maggie)
Seria preciso muito mais tempo para falar de cada uma das obras como a do artista/grafiteiro Bokel, mas prefiro sugerir ao leitor que se aventure uma tarde a entrar no mundo fantástico da arte brasileira e se permita fruir um conjunto composto pelos olhos de seu maior colecionador. De quebra terá a oportunidade de ver como o MAM é lindo no cenário do aterro do Flamengo, com a baía de Guanabara como pano de fundo.