Encontro neste
sábado contou com a participação da crítica de arte do GLOBO, Luisa Duarte
COMPARTILHADO DE: O GLOBO
13/09/2014
19:45 / ATUALIZADO 14/09/2014 14:43
RIO —
Realizada num espaço de 1800 metros dentro do pavilhão 5 do Píer Mauá, a
primeira edição da IDA, uma grande feira dedicada ao design arte, paralela a
ArtRio, recebeu na tarde deste sábado não apenas sofisticados objetos, mas
reflexões sobre sua natureza e uso. Além de funcionar como um grande ambiente
expositivo e de negócios, o pavilhão recebeu dois encontros e palestras sobre a
arte e o design contemporâneo. O primeiro bate-papo abordou as oportunidades no
mercado do design nacional, e a palestra final, recebeu a curadora e a crítica
de arte do GLOBO Luisa Duarte, que falou sobre “As aproximações e distâncias
entre arte e design”. A especialista abriu sua exposição pontuando algumas
diferenças entre os dois campos, a arte e o design, a partir de uma análise
sobre a relação que cada território criativo estabelece com a noção de
funcionalidade.
Numa feira
de arte como essa, a arte ou o objeto de arte aparece em primeiro lugar como
uma mercadoria, mas antes de essas obras chegarem aqui, elas surgem sem
finalidade definida e cumprem o seu papel de obra de arte, que é o de alargar o
nosso olhar e fazer a gente ver o mesmo mundo de outra forma — diz.
Como estamos
numa feira que reúne um espaço de arte e um espaço de design é importante
pontuar isso, porque a peça ou objeto de design vem ao mundo com uma função
determinada.
Luisa citou
a filósofa Hannah Arendt, ao elucidar a “razão de ser” não funcional da criação
artística: “Os objetos que parecem destituídos de fim são os objetos estéticos,
de um lado, e os homens, por outro. Deles não podemos perguntar com que
finalidades foram criados”.
Vivemos uma
época que valoriza e nos cobra, o tempo todo, uma extrema funcionalidade,
eficácia e finalidade. Sinto, às vezes, como se todos vivêssemos, hoje, em uma
espécie de império do design, onde tudo é projetado, formatado e criado para
atender de modo mais eficaz possível uma determinada função — disse. — Nesse
mundo, a arte e a sua ausência de funcionalidade podem agir como um corte
radical nessa dinâmica, quase como uma terapêutica, com uma função espiritual,
que nos equilibra, ou como a Hannah Arendt diz, servindo para que a gente se
sinta um pouco mais em casa, em meio a um mundo tão árido como esse em que
vivemos.
A
especialista também apresentou trabalhos de diversos artistas do design, da
engenharia e da arquitetura, demarcando as fronteiras entre esses campos e
mostrando como produções passíveis de cada um deles podem ser ou não vistas
como arte.
Funcionado
aos moldes de importantes mostras internacionais, como a Design Miami/Basel, a
Paris Design Week ou o The London Design Festival, a IDA chamou a atenção do
público da Art Rio, que ocupou em bom volume, durante todo o sábado, esta seção
dedicada ao design. Com apoio do GLOBO, a IDA lembrou a importância de
assinaturas como as de Joaquim Tenreiro, Zanine Caldas, os Irmãos Campana e
Sergio Rodrigues, morto recentemente, além de ter apresentado aos visitantes
expositores renomados, como o Studio Alê Jordão, Dozen Designers, Studio Ignez
Ferraz, Estúdio Maneco Quinderé, Antonio Bernardo/Lumini, Mercado Moderno e
Marcos Teldeschi Arte e Design, entre outros.
Crítica de arte Luisa Duarte - Fabio Seixo / Agência O Globo