segunda-feira, 2 de junho de 2014

Por que é fácil odiar Romero Britto?


COMPARTILHADO DE http://www.ideafixa.com/
Existe no manual da pessoas que, de alguma forma, mantém relação pessoal com a palavra "cultura" (ou "arte" etc) que é proibido gostar de Romero Britto. Faça o teste: vá até uma faculdade de artes, entre em uma sala de aula e grite "Romero Britto é um grande artista!" e veja o que acontece. Isso pode ser feito também em galerias tradicionais do eixo Rio-SP, em mesas de bares na Vila Madalena ou qualquer ambiente onde prepondere um código de conduta "intelectual/alternativo/artístico/arrojado/etc".
vamos tentar ir com calma
"vamos tentar ir com calma"
A hashtag #curteRomeroBritto era uma das qualidades indesejáveis de um macho de acordo com o aplicativo Lulu, lembra? Se gostar de Romero Britto está diminuindo a reputação masculina virtual, deve ser algo terrível. Mais terrível ainda é o fato de você se importar com avaliações eletrônicas da sua imagem virtual, o que é assunto pra outro texto.
Apesar de ser ridicularizado no contexto "cultural", fora desse meio, Britto é um sucesso estrondoso. Suas obras são estampadas em todo o tipo de produto, reproduções são vendidas aos lotes, celebridades adquirem os originais. "A massa é ignorante e tem péssimo gosto!" - é sempre mais fácil culpar as massas ou qualquer outra entidade onipotente, como por exemplo o governo, deus etc. Principalmente quando a ordem é esculhambar alguém.
Porém, antes de embarcar no próximo bonde do ódio você tem que se perguntar: "por que eu odeio isso?" - o ódio é uma forma de defesa. O que há de tão ameaçador no trabalho de Romero Britto para que a comunidade artística/culta/acadêmica/intelectual/etc o rejeite de forma quase unânime? Mais do que isso, por que aquelas pinturas alegres e coloridas são capazes de fazer artistas e entendidos despejarem bile e veneno? Vamos analisar alguns argumentos de seus detratores:
ARGUMENTO UM: "Ele faz sempre a mesma coisa."
Vou concordar que isso não está longe da verdade; alguém desenvolveu um aplicativo para Google Glass que oculta obras de Britto e substitui por grandes mestres da pintura (anote esse pensamento, vamos usar mais tarde). Se um aplicativo de software consegue identificar obras de Romero Britto, de fato existe um padrão por trás de suas obras, coisa que eventualmente surge disfarçada pelo nome "estilo".
Meditemos na palavra "estilo". Estilo, stilus, é o nome de uma ferramenta antiga, hoje o que temos de mais próximo é o estilete. Estilos eram usados para escrever em placas de argila (escrita cuneiforme) por romanos e outros povos. Esse tipo de trabalho manual carregava a marca individual da pessoa que o fazia; a palavra "estilo" acabou sendo associada ao jeito particular de cada um de criar ou executar determinadas tarefas.
O artista Akira Umeda um dia compartilhou as seguintes considerações:
"No terreno da música pop, "rock" é, desde há muito, um ajuntamento de letras que não aponta para nada além de uma classificação esgarçada: aponta, portanto, para "qualquer coisa", ou seja, não aponta. Sem pontas, estas letras não configuram "estilo": um estilo, como se sabe, tem ponta que fere, rasga e corta. Assim, coisas associadas a "rock" são "qualquer coisa que não fere, rasga e corta". O ajuntamento de indivíduos "Guns N 'Roses", em turnê por cidades brasileiras, equivale ao ajuntamento de letras "rock". O ajuntamento de multidões em torno destes indivíduos e destas letras produz uma imagem da realidade atual cuja vacuidade não tem sido apontada."
A arte contemporânea, assim como o rock, é um conceito esgarçado, aponta para qualquer coisa; qualquer tipo de ação, desde que justificada como prática artística (ou seja, feita por artistas), cabe no conceito de "arte contemporânea". Há menos de um século atrás a arte era, sim, um campo onde os "estilos" ou "ismos" apontavam para alguma coisa (cubismo, surrealismo, dadaísmo etc) em detrimento de outras, ou seja, rasgando/ferindo/cortando.
Hoje a arte contemporânea aceita que tudo pode ser uma obra de arte, desde deixar um cão morrer, passando por fazer um letreiro luminoso com letras de pixação até perder a virgindade, desde que sejam feitas num contexto "artístico" (o que muitas vezes quer dizer: dentro de uma galeria) - eu não sou contra isso, já vou adiantando. Só estou perguntando: se a arte contemporânea aceita todos os discursos, por que, então, proibir Romero Britto de entrar?
Um fato curioso é que, se você for uma pessoa que se interessa por arte e eu gritar "homens amarelos!", você vai gritar "Os Gêmeos" em vez de "Os Simpsons". Você não sabe o que esperar d'Os Gêmeos? Eles ganharam um avião pra pintar, com vários temas implícitos (copa do mundo, futebol, seleção, Brasil etc) e eles pintaram... você sabe o que eles pintaram.
A repetição é um dos fatores do estilo - há quem diga que "estilo" é um nome bonitinho para "repetição". É por isso que nós sabemos mais ou menos (ou exatamente) o que esperar de determinados artistas; em diferentes obras há elementos repetidos que nos fazem identificar qual trabalho é de quem. Muitos artistas em estado de graça no meio culto estão com a tecla "repeat" apertada há anos - o que não é necessariamente ruim, mas também não é necessariamente bom, etc.
A repetição, portanto, é um argumento inválido para desqualificar o trabalho de Britto, visto que isso seria desqualificar o trabalho de boa parte dos artistas reconhecidos como legítimos em atividade hoje. Deixe essa parte assentar por alguns instantes; pense na gravidade disso, principalmente se você for artista e se você for um repetidor.
ARGUMENTO DOIS: "Seu trabalho não tem profundidade."
Uma das fundações da percepção popular a respeito de artistas é a suposição que artistas possuem uma sensibilidade mais apurada que a média, e por isso são capazes de materializar aspectos da vida que passariam sem serem notadas pelas outras pessoas.
Seguindo essa lógica, o argumento de alguns é que o trabalho de Romero Britto é desconectado da realidade, não instiga a reflexão, não "problematiza" (palavra favorita de 8 entre 10 curadores e críticos de arte) nenhum "aspecto da contemporaneidade" etc. Vilém Flusser, no texto "Coincidência incrível", está falando sobre a fé, tecnologia e ciência::
Se digo: "Amanhã nascerá, em vez do sol, um queijo de Minas para iluminar a Terra", terei dido uma absurdidade. Mas se digo: "Ontem nasceu um queijo de Minas e iluminou a Terra", terei articulado uma banalidade. É óbvio que o queijo de Minas nasceu. As teorias astronômicas esperavam pelo nascer do Sol, mas essas teorias são apenas sistemas hipotéticos incompletos. Comportam uma reformulação progressiva. (...) O queijo de Minas, longe de abalar a astronomia, prova, pelo contrário, a eficiência do método científico como captação da "realidade".
Assim também é a fé na arte contemporânea. Qualquer proposta é válida, desde que haja um alinhamento teórico coerente, desde que o artista declare um ato ou resultado como obra de arte, legitimados pela fé na arte. Portanto, se um belo dia, Romero Britto sair de seu atelier e declarar que seu trabalho é um "questionamento acerca da banalidade dos signos e do mercado de consumo, inserindo ícones irrelevantes no mercado da arte, que necessariamente irá validá-los", ele terá legitimado seu trabalho enquanto arte contemporânea.
Pior ainda: se um curador montar uma exposição contendo trabalhos de Cildo Meireles, Nelson Leirner, Andy Warhol E Romero Britto (heresia, eu sei), e afirmar que se trata de um conjunto de obras que questionam a fronteira entre "arte" e "indústria cultural", esse discurso, dentro do contexto da arte, teria que ser aceito como legítimo também. Você poderia até não gostar, mas teria que engolir. O milho e a soja estão aí pra te ajudar nessa parte.
ARGUMENTO TRÊS: "O trabalho de Romero Britto é inflacionado, superfaturado, não vale o quanto custa."
Em algum momento do ano passado, a revista Veja São Paulo atirou um homem aos leões. Alexander de Almeida foi usado para transmitir uma mensagem. Foi inventado um nome-slogan para ele - "o rei do camarote". Esse tipo de nomenclatura ou apelido tem um propósito. Você se esqueceria rapidamente do nome Alexander de Almeida, mas não se esquecerá tão cedo do "rei do camarote".
Eu assisti a matéria e, por alguns instantes, lamentei pelo destino do rei do camarote. É evidente que ele não sabia que estava sendo usado. Ele foi atirado à massa como um verdadeiro "boi de piranha", é muito fácil sentir raiva dele: ele é do sexo masculino, branco e rico, então você não corre risco algum de sentir culpa; quando você não precisa refletir se deve ou não embarcar no bonde do ódio, suba de uma vez, não é mesmo?
hateorade pra galera
hateorade pra galera
Um "pequeno detalhe" foi, propositalmente, excluído da reportagem sobre o rei do camarote. Em momento algum se fala sobre a profissão de Alexander, o que ele faz para ganhar tanto dinheiro. "Mentira! Na matéria eles falam sobre isso sim: ele é empresário." - ah sim, empresário, o cargo mais genérico de todos. Aquele senhor atrás do balcão daquele boteco sujo também é um empresário, e ele nunca ganhará na vida inteira o que Alexander gasta em uma madrugada.
A mensagem perigosa por trás da matéria do rei do camarote é a de que a identidade de uma pessoa não precisa estar associada ao que ela faz no dia a dia. O rei do camarote é riquíssimo e gosta de esbanjar seu dinheiro, mas matéria parou aí; nada é dito sobre a vida profissional de Alexander, ou seja não importa de onde esse dinheiro vem, ele simplesmente o possui. A mensagem é: o dinheiro que uma pessoa tem está menos associado ao que a pessoa faz e mais associado ao que ela é. Eu sei que é difícil de entender como isso é possivelmente um problema. Vou dar um exemplo mais ilustrativo:
A pessoa com quem você tem um "relacionamento sério" descobre que você é infiel. Pior do que isso: você enviou para a pessoa amada, por engano, um vídeo com você transando com outra pessoa, com direito a câmera lenta nas melhores cenas e closes genitais; sua voz é audível durante todo o vídeo, você falou sacanagens nunca antes ditas e teve três orgasmos ao longo da aventura do outro lado do muro. Você chega em casa, e assim que você abre a porta, tem que desviar de uma faca arremessada em sua direção; a sua "pessoa amada" está simplesmente furiosa, fora de si. E aí você começa: "eu posso explicar." Após desviar de mais alguns objetos, você ganha três minutos para falar o que quer que seja, e você começa: "Aquele no vídeo não sou o verdadeiro eu. Você sabe que te amo, eu não sou um pilantra, naquele dia nós tínhamos brigado, e eu fui beber, e aconteceu, mas se você não tivesse brigado comigo... aquele não era eu, você me conhece, eu não sou assim."
Ou ainda: "Eu não sou racista, mas... (insira discurso racista aqui)". Ou um sujeito que diz ser feminista para galantear mulheres. Ou ainda: "eu não sou de compartilhar esse tipo de coisa, mas vejam que ridículo esse rei do camarote". Esse é um problema: a percepção de que você é o que você diz ser (ou o que você mostra numa rede social).
Eu escrevi tudo isso para falar que, apesar de possuir um senso estético discutível, Romero Britto consolidou sua identidade no mercado pelo que ele faz, e não pelo que diz fazer. Romero Britto pode até não entender a sua própria posição enquanto produtor (me recuso a comentar sobre as comparações com o Picasso), mas há uma demanda enorme pelo seu trabalho, e quem dá o preço é o mercado; a lei de oferta e procura também existe na arte, é por causa dela que obras de artistas mortos valem muito mais. Você pode reclamar à vontade do quanto Britto ganha, mas não pode dizer que é injusto ou absurdo, o mercado de arte é mega-inflacionado por natureza.
"Você está defendendo Romero Britto!!!!"
Errado, Romero Britto não precisa de defensores. Essa não é a questão. A questão é que Britto é odiado/rejeitado/defenestrado pela comunidade culta/artística/etc pelos motivos errados (não que haja um motivo certo). Britto não está minimamente interessado no discurso artístico, nos problemas da contemporaneidade, na "problematização" (que palavra horrível) do que quer que seja. Olhe para a foto abaixo:
romero-shakira
Comentários rápidos: 1) essa foto me causa uma "certa inveja", 2) achei que Shakira está ótima nessa foto, sem a megaprodução, 3) posar para a foto olhando para o próprio quadro, mesmo ganhando um abraço da Shakira, que ego enorme, 4) se você é artista "de verdade", você provavelmente não irá ganhar um abraço da Shakira.
O comentário 4 é o mais importante porque contém o principal problema das críticas feitas pela classe intelectual/etc ao trabalho de Romero Britto. Ele não joga o mesmo jogo que os artistas da Bienal de SP ou da Documenta de Kassel. Britto está até o pescoço submerso na indústria cultural. Você já ouviu falar em Hans Donner? Ele foi o responsável pela criação da identidade visual da Rede Globo, e é por causa dele que você pode esperar sempre por ornamentos prateados e confetes coloridos e explosões de luz em qualquer produção "global".
Lembra do Google Glass? Do aplicativo que substitui as obras de Britto por grandes mestres da pintura? O maior erro dos detratores de Romero Britto é confundir a sua produção com a produção desses artistas, são coisas diferentes, Romero Britto é indústria cultural vendida sob a fachada de um artista, o que ao mesmo tempo serve para 1) passar a impressão para o público de que a maior representação da arte contemporânea é Romero Britto e 2) aumentar o desinteresse do público pela arte contemporânea.

(se eu inventasse um aplicativo de Google Glass que substituísse todas as novelas e seriados idiotas por Metropolis do Fritz Lang, geral ia passar a vida inteiro vendo Fritz Lang, esse é o nível da prepotência do app removedor de Romero Britto)

Britto está muito mais próximo de Hans Donner do que de qualquer artista considerado "sério" - a indústria cultural é, inclusive, matéria-prima para as pinturas de Britto, ele pintou a série "Celebridades", retratos de personagens do mundo da televisão etc. "Andy Warhol também comentava a indústria cultural em suas obras de arte!" - Pelo amor de deus, nem comece, são obras distintas, tempos diferentes. O trabalho de Britto, apesar de possuir apelo visual que seduz muitas pessoas, é superficial e mercadológico, mas, ainda assim, as pessoas ditas cultas gostam de expressar o seu repúdio/ódio ao seu trabalho como se ele fosse um artista "sério" e não um produtor em série.
Você sempre verá a palavra "artista plástico" associada a Romero Britto e não "designer de produtos" ou "produtor cultural", assim como se falam em "artistas globais" para se referirem aos atores da Rede Globo, e eles usarão a palavra "artista" para falar tanto de Fernanda Montenegro como de qualquer um dos péssimos atores que eles empregam, ou seja, a palavra "artista" é completamente manipulável. Mas se você detesta o trabalho de Britto porque seu trabalho é superficial e/ou popular, a responsabilidade de não colocar as coisas em seus devidos lugares é toda sua.
O problema de odiar um alvo fácil (como o rei do camarote ou Romero Britto) é que alvos fáceis distraem nossa atenção das coisas importantes. É fácil criticar o fato de que Britto tem um público enorme com um trabalho ridículo; difícil enxergar o outro lado do abismo que existe entre a arte contemporânea e a sociedade e o desafio de ser artista e viver do próprio trabalho. "Mas o governo, as empresas e os bancos estão financiando a arte no Brasil!" - pare, agora. Pense nisso que você acabou de me dizer. Respiremos.


É fácil afirmar que o rei do camarote é um falastrão; não-tão-fácil é parar por um instante e se perguntar "por que eu me importo com o rei do camarote?" - por que se você fizer essa pergunta, pode chegar à conclusão que você está ocupado com Alexander de Almeida para esquecer o lado falastrão da sua própria vida, e é por isso que eu sei que a maior parte das pessoas que ridicularizaram Alexander de Almeida estão com o cartão de crédito operando no nível máximo. Aquele homem está gastando quantias obscenas de dinheiro com noitadas em São Paulo, a Veja cria um personagem, a população entra em polvorosa, "que homem ridículo".
O detalhe mais absurdo dessa história é que não existe "rei do camarote". Você acha que existiam os "dez mandamentos do rei do camarote" antes dessa matéria? Eu tenho certeza que Almeida jamais passou um minuto sequer elaborando um mandamento. Almeida teve que ser retratado como um debilóide, pois a crítica esperada é: "Ha! Que imbecil. Eu jamais faria isso se tivesse tanto dinheiro. Todo esse dinheiro na mão de um idiota é um desperdício, eu faria muito melhor com essa fortuna."
Você o hostiliza por isso, porque a Veja te induziu a criticá-lo ou apoiá-lo, você não parou pra pensar em outras possibilidades, e a mensagem foi transmitida: se um falastrão pode ter tanto dinheiro, qualquer pessoa pode ser rica, mas não necessariamente por causa do que ela faz (tente imaginar o rei do camarote com uma expressão séria trabalhando pra valer), então aquele dinheiro está relacionado ao que ela é, o verdadeiro eu, o status.
Agora, vire a moeda do status e olhe um pouco para a parte que fica esmagada contra a mesa. Se você é um trabalhador da área da "cultura", seja lá qual seja, você sabe o que eu estou falando: longas jornadas de trabalho, pouco salário, sem hora pra voltar pra casa, sem tempo... em agências de jornalismo/design/publicidade etc, centros culturais, galerias, escolas, cafés, bares, restaurantes e tudo o que gira em torno da palavra "cultura", essas pessoas estão lá, trabalhando muito, ganhando pouco.
"Eles me deixam trabalhar com minhas tatuagens à mostra. Eu posso até ir trabalhar de bermuda!" - se você é empregado e pode ir trabalhar bem à vontade com suas tatuagens e roupas informais você provavelmente 1) é mais inteligente que a média, 2) recebe menos que a média (muitas vezes nem carteira assinada) e 3) tem algum vínculo emocional com seu trabalho que é pago com status em vez de dinheiro (por exemplo, professores da rede pública são vistos como heróis mas continuam sendo mal pagos).
Você sabe que está sendo explorado, porém continua mesmo assim, pela oportunidade de trabalhar com alguma estrela do ramo, pela chance do seu trabalho ser visto, pra construir seu portfólio, pelo bem da educação, pelo networking... são vários os verdadeiros eus que te mantém sofrendo abusos em nome da cultura. É a face sombria do status: uns poucos recebem muito por tê-lo, a outra maioria paga para tentar alcançá-lo, de vez em quando se criam uns reis do camarote para descarregar a raiva do público e o sistema prossegue. Deixe o dinheiro para essas celebridades tolas, a verdadeira arte me basta.
Romero Britto é uma válvula de escape útil para o sistema, mas ele é o menor de seus problemas, e sua produção é um importante ponto de reflexão para a situação de tudo que orbita a palavra "cultura" atualmente, o que por si só, tem algum valor. Odiá-lo é o caminho mais fácil para garantir o seu status intelectual (que você paga pra ter, ele não), mas para perceber as implicações mais graves é necessária uma postura menos automática diante da situação. Ou até mesmo se tornar o tipo de pessoa que não se sente mal com o sucesso de outras pessoas. Mas esse não é o seu verdadeiro eu, eu havia me esquecido.