O MON pelo avesso
Como o maior museu do Paraná funciona por dentro? Ao conhecermos os bastidores de algumas exposições, descobrimos que funcionários trabalham de domingo a domingo. E que a reserva técnica e o laborátorio de conservação são o pulmão e o coração daquele
Publicado em 18/10/2014 | MARCIO PIMENTA, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO
Frida Kahlo está em Curitiba e, até 30 de novembro, sua residência é o Museu Oscar Niemeyer (MON). A exposição Frida Kahlo – As Suas Fotografias traz retratos da artista, e também de sua família e amigos. Mas a pergunta, hoje, é: como um museu se prepara para receber uma exposição assim, de proporções astronômicas? A reportagem teve acesso a áreas então restritas ao público – somente funcionários e técnicos circulam por alguns destes espaços.
Em seus 35 mil metros quadrados de área construída e mais de 17 mil metros quadrados de área expositiva – a maior da América Latina –, dezenas de funcionários trabalham de domingo a domingo. Dedicam-se à segurança, à limpeza, à curadoria. À documentação e a atividades educativas e de entretenimento. Pede-se discrição. Tudo para que o público se sinta à vontade.
História
Em 1967, o arquiteto Oscar Niemeyer elaborou o projeto de um espaço para abrigar o Instituto de Educação do Paraná, obra inaugurada em 1978 como edifício Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. No ano 2000, Curitiba concorreu com outras cidades brasileiras para instalação de uma filial do museu espanhol Guggenheim. O Rio de Janeiro acabou escolhido, mas desentendimentos cancelaram a instalação no Brasil. Em 2002, a criação do Novo Museu foi anunciada pelo então governador Jaime Lerner, e o prédio foi inaugurado em 22 de novembro daquele ano. Em 2003, o museu foi reformulado e rebatizado de Oscar Niemeyer.
Vitórias
O MON foi eleito, em 2012, um dos 20 museus mais bonitos do mundo pelo guia norte-americano Flavorwire. Também foi escolhido pelo público do TripAdvisor – maior site de viagens do mundo – um dos principais pontos turísticos de Curitiba. Em 2014, foi eleito um dos 20 lugares mais bonitos do Brasil pela rede norte-americana de notícias CNN (Cable News Network).
Estes funcionários estão nos salões, escritórios e galpões que ficam atrás das portas em que você lê “acesso exclusivo para funcionários”. Ao atravessar estas portas, surgem enormes corredores iluminados com luzes fluorescentes. Aí, os departamentos: relações públicas, diretoria, serviços de limpeza, segurança, laboratório técnico, marcenaria, refeitório...
Um dos mais importantes é a reserva técnica, separada em dois grandes salões – bidimensional e tridimensional – ambas com climatização controlada eletronicamente. Segurança é imprescindível: o acervo do MON possui mais de 3,4 mil peças. São obras dos paranaenses Alfredo Andersen, João Turin, Theodoro De Bona, Miguel Bakun, Guido Viaro e Helena Wong, além de Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Ianelli, Caribé, Tomie Othake, Andy Warhol, Di Cavalcanti, Francisco Brennand, entre outros. Todas as obras são armazenadas seguindo critérios museológicos internacionais.
O laboratório de conservação e restauro é fundamental. Todas as obras que pertencem ao museu passam por este departamento. Lá, elas são analisadas minuciosamente e embaladas antes de seguirem para a reserva técnica. Estes dois espaços possuem acesso controlado, mesmo para funcionários do museu. Este é o avesso do MON, explicitado agora em fotos.
AMPLIAR
O “olho”. Originalmente pensado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para representar a Araucária, árvore símbolo do Paraná, ganhou este apelido por parte do público e acabou sendo adotado pelo museu Marcio Pimenta