quarta-feira, 30 de julho de 2014

Nostalgia da infância reunida em exposição

Fotos:Wilson Militão/Divulgação
Fotos:Wilson Militão/Divulgação / Todos os brinquedos são de artesãos nordestinosTodos os brinquedos são de artesãos nordestinos
Brinquedos à Mão, em cartaz a partir de hoje na galeria da Caixa Cultural, exibe mais de 900 objetos da pesquisadora baiana Sálua Chequer
Compartilhado da Gazeta do Povo / Publicado em 30/07/2014 | 

Nos anos 1980, quando começou a colecionar brinquedos regionais, a baiana Sálua Chequer não imaginou que seu acervo pessoal viraria exposição: Brinquedos à Mão, que abre ao público hoje na Caixa Cultural, traz cerca de 900 objetos que remetem à infância, como a peteca, o pião, o cavalo de pau, bonecas de pano, entre outros materiais lúdicos. A mostra, com curadoria do artista plástico Zé de Rocha, estreou no ano passado em Salvador, e segue para São Paulo depois da temporada curitibana.
A professora – e hoje mestranda em arte, educação e cultura pela Universidade Internacional Menéndez Pelayo, da Espanha–, conta que teve interesse pelas manifestações populares desde criança, quando acompanhava as cantorias de reis e as danças do bumba meu boi na sua cidade natal, Ibirataia, no sul da Bahia. Além disso, sua mãe, Yolanda, sempre adorou artesanato. “Via a minha mãe transformando a natureza em decoração, e segui o caminho por isso. Mas esse é só mais um viés do meu interesse por cultura popular”, conta Sálua, que já pesquisou, por exemplo, temas como as cantigas de roda.
Fotos:Wilson Militão/Divulgação
Fotos:Wilson Militão/Divulgação / Sálua Chequer é colecionadora desde os anos 1980Ampliar imagem
Sálua Chequer é colecionadora desde os anos 1980
Programe-se
Brinquedos à Mão
Caixa Cultural (R. Cons. Laurindo, 280 – Centro), (41) 2118-5114. Coleção de Sálua Chequer. Visitação de terça-feira a sábado, das 9h às 20 horas. Domingo, das 10h às 19 horas. Entrada franca. Até 7 de setembro.
Suas andanças pelo nordeste renderam não somente novas peças para a sua coleção, mas também amizades com artesãos e boas histórias. Na Paraíba, conheceu dona Lindalva, famosa bonequeira que criou os 14 filhos com o que recebia pelo ofício –na mostra, está exposta uma boneca da artesã, que retrata ela mesma com todos os rebentos. “O que mais me encanta é alguém sentar para fazer isso. A maioria me diz que começou a fazer brinquedo por não ter dinheiro para comprar. O retorno financeiro é pouco, mas eles fazem com muito carinho”, diz Sálua, enquanto namora uma de suas partes preferidas da mostra, um parque de diversões feito de latas.
Os materiais usados em alguns objetos refletem a cultura nordestina: um dos cavalinhos de pau, por exemplo, tem o rosto feito de couro. E nem todos os brinquedos têm uma origem alegre. Sálua cita como exemplo o Mané Gostoso – boneco articulado suspenso em um fio e preso com duas varetas de madeira, que, com a pressão das mãos, faz um movimento de malabarismo. “No Brasil Colônia, a criança negra era o brinquedo da branca, e ele ficava dando cambalhotas. A origem dele é deprimente, e vem daí”, explica.
Infância
A exposição conta ainda com objetos afetivos da pesquisadora, como uma pequena cama de madeira que ganhou do pai, há 50 anos, um piano e um fogão, presentes da avó. A mostra conta também com um “Cantinho de Brincar”, com bolas de gude, pula corda, entre outros. Hoje, a partir das 15 horas, Sálua realiza uma contação de histórias e uma oficina de brincadeiras tradicionais
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