quarta-feira, 30 de abril de 2014
DOCUMENTÁRIO "MAGELA, O POETA"
Compartilhado por Almir Correia
DOCUMENTÁRIO "MAGELA, O POETA"
produção Zoom Elefante.
15 minutos de poemas e performances do poeta
mineiro curitibano Geraldo Magela Cardoso.
Em breve lançamento na Cinemateca de Curitiba
FAMÍLIA A BORDO CHEGA EM PONTA GROSSA
O projeto Família a Bordo está na 2ª edição, começando no dia 2 de abril e vai até junho, ou seja, ficaremos mais de 2 meses na estrada levando intervenções culturais de forma gratuita, principalmente para locais com populações pouco beneficiadas, tanto financeira como culturalmente falando e neste caminho estão chegando em Ponta Grossa onde ficarão alguns dias. A programação passaremos em seguida assim que for organizada.
O Projeto
O Projeto Família a Bordo surgiu em 2011 e consiste em uma família apaixonada por cultura que viaja de cidade em cidade, cobrindo e participando de eventos culturais, fomentando as cenas locais, trocando experiências socioculturais e registrando tudo que acontece.
Composta pelo músico, escritor e poeta Neo One Eon, pela produtora cultural e agente literária, Grazi Calazans, e por seus dois filhos, Layla Calazans e Dimitri Calazans, a Família leva na bagagem um combo cultural composto por intervenções musicais, ações de incentivo à leitura, oficinas de produção cultural e de multimídia, curtas-metragens e documentários que carregam no laptop para sessões públicas de cineclubismo.
Abertura dia 09 de maio - ESPAÇO VILLA HAUER CULTURAL - DESENHOS DE IRINA LUCERO
ABERTURA 09/05/2014 - Sexta-feira às 19:00hs!!
A Artista plástica nascida na Província de Córdoba , Argentina, e que atualmente reside em Ponta Grossa-PR, Irina Lucero, Irins, faz com sua nova exposição Elementais um convite as pessoas a se conectarem por meio das imagens com a natureza, estimulando a sensibilidade e o respeito a todo ser vivente.
As obras são desenhos em papel usando diferentes técnicas, principalmente lápis acuarelavel e Grafite, mas também caneta esferográfica, giz pastel, carvão e técnica mista.
Classificação: livre
Permanência de 02 a 31 de maio de 2014
Horário: de terça a sábado das 14:00hs às 18:0hs.
Local: Villa Hauer Cultural
Valor: gratuito
Informações
villahauer@gmail.com
Telefone(41) 3333-7652
terça-feira, 29 de abril de 2014
08 de maio - EXPOSIÇÃO MUNDO DE ARTISTA
MUNDO DO ARTISTA
Exposição cultural em
homenagem ao dia do Artista Plástico, 08 de maio.
A mostra traz 16
artistas, sendo eles:
Alani F. de Mello, Álvaro Wambier Junior, Carla Schwab,
Eloir Jr., Felipe Sekula, Janete Fernandes, Janete Mehl,
Junior Postai, Katia Velo, Kézia Talisin, Oswaldo Fontoura Dias,
Suzana Lobo, Suzete Cidral, Tânia Leal,
Waltraud Sekula e Wilma Vanessa Wambier.
Cada Artista apresenta uma visão
artística sobre seu mundo
através de interferências em globos suspensos, com diferentes técnicas,
suas ideologias, percepção artística e contexto em que está inserido.
Esta instalação aérea possibilita que as obras sejam observadas
sobre todos os
ângulos e seu conjunto forma através da
diversidade da expressão artística
presente, um universo tridimensional,
onde a criatividade é o DNA da exposição.
A mostra é idealizada
por Oswaldo Fontoura Dias, coordenador da exposição, cuja intenção é fazer uma reflexão sobre
o papel que o Artista Plástico exerce nas questões inerentes ao dia a dia de todos
nós.
Serviço:
Abertura: dia 8 de maio,
das 18h às 20h30
Local: Galeria de Arte da Fundação
Mokiti Okada
Rua: Manoel Eufrásio,
1400 - Centro Cívico – Curitiba - PR
Visitação: De 08 de maio
a 08 de junho de 2014
Horário: segunda à sexta
das 9h às 20h
Sábados das 9h às 18h
8 de maio, dia do Artista Plástico
A data foi escolhida em
homenagem ao pintor
José Ferraz de Almeida Júnior, um dos artistas brasileiros
mais importantes - século XIX. Nasceu em Itu (SP),
no dia 8 de maio 1850.
Aos
19 anos entrou para a Academia Imperial de Belas Artes,
no Rio de Janeiro, onde
foi aluno de Jules Lê Chevrel,
Victor Meirelles e Pedro Américo.
Em 1876,
recebeu uma bolsa de estudos do Imperador dom Pedro II
e seguiu para Paris,
onde participou da exposição arte mais
badalada da época, o Salon Offíciel dês
Artistes Français.
O pintor produziu cerca de 300 obras, e entre seus quadros
mais famosos estão Violeiro, Picando Fumo e Caipiras Negociando,
que retratam o
dia a dia do homem do campo. Almeida Júnior morreu assassinado dia 13 de
novembro de 1899, em Piracicaba (SP).
Em 1950, 8 de maio foi oficializado como
Dia do Artista Plástico Brasileiro.
quinta-feira, 24 de abril de 2014
Esta menina de 16 anos, participou com um desenho a Lápis no mais Famoso concurso do mundo.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
A CULTURA DO EDITAL PARA ARTE
Compartilhado de http://acrasias.wordpress.com
Nas duas últimas décadas, a cultura do Edital tornou-se endêmica e domesticou os artistas na prática de realizar “projetos”. No campo da própria estética, o artista há muito é tido como mero “propositor” – o que certamente facilitou sua inserção nos Editais públicos, a menos que tenha sido o contrário… No livro Antropologia do Projeto,J-P. Boutinet[1] discorre acerca da pregnância do “projeto” na contemporaneidade; sobre ele tecemos algumas reflexões relativas à arte:
A proposição, como limitadora da experiência que busca antecipar, reduz a arte de certo modo a um problema depertinência. Circunscrevendo a obra dentro de “conceitos” teóricos que a referenciam, corre ela o risco de se tornar mera relação epistemológica de inferências – ou seja, “eu consigo depreender desta obra o pensamento do filósofo Fulano de Tal, etc”. Essa identificação entre signo (elementos da própria obra) com um fundo teorético de validação significadora cria um circuito fechado, no qual a constatação “correta” encerra (e limita) o alcance da obra. Mesmo a “correção” destas induções pode facilmente incidir em arbitrariedades, cujas expressões mais comuns são do tipo “você pode pensar assim também…”, ou “toda interpretação é válida, o artista está apenas propondo uma reflexão sobre isso”, etc. Uma espécie de jogo erudito de decodificações.
Mas a forma que essa expressão tomou é que é mais problemática. Há décadas artistas têm produzido “projetos”, aparentemente sem se darem conta de que arte não se realiza por projeto. Este se configura quase como o decreto: determina previamente os condicionamentos futuros (indetermináveis) da produção criativa. O projeto é uma “intermediação” – adequação de algo para estar em conformidade com o disposto; ou em condições de assumir patamares previstos, mensuráveis, de atuação.
Um sintoma crítico da arte “sob medida” para os Editais é sua subsunção em uma figura formal tecnicista:
A cultura técnica dentro da qual evoluiu essa figura [o projeto] é justamente caracterizada por seu desejo de apropriação, de monopolização, de presença obsessiva; essa fragilidade do projeto se revela ainda mais evidente porque ela se tornou hoje, em nosso meio sociotécnico, uma referência incontornável. (BOUTINET, 2002)O projeto incorpora a arte dentro da cultura política tecnocrata, conduzida desde a ordem mais abrangente e superestrutural – como as plataformas de ações partidárias, planos diretores e previsões orçamentárias dos governos, até os meios mais comezinhos da expressão do mercado, do tipo “descreva em seu currículo quais são suas intenções em relação a nossa empresa”.
A arte ministrada nas Academias atua assim sob um permanente paradoxo: marcada pelo pensamento pós-estruturalista ou pós-moderno, adapta-se, contudo, à disponibilidade de aparelhos e técnicas “modernos” por excelência, sintetizados na figura do “projeto” – figura de emulação da razão moderna que instrumentaliza e operacionaliza intenções e propósitos. A metodologia da arte, no entanto, é organizada por uma dinâmica própria, o tempo da convivência e permuta de experiências e aprendizado, tempo de cura, secagem, cristalização, etc. de seus materiais expressivos constituintes. A arte tradicional, moderna, cujos procedimentos e métodos foram duramente contestados pelo pós-modernismo (hipostasiada na figura da “técnica”), hoje nos prova a inaplicabilidade da arte quando submetida a projetos; ou melhor, a inoperância do projeto enquanto aparelhamento da artesania.
Sua metodologia não pode ser determinada por exigências prospectivas, uma vez que dependem das oscilações próprias do artista – ao invés de determinar de fora suas limitações, são justamente essas limitações que determinam o devir da própria expressão, conduzindo a práxis ao dispor seus recursos, orientá-los, moldá-los em conformidade com o processo dinâmico de interação do artista com eles; muito diferente de uma regulação prévia da própria disposição do artista – como ordenam o Edital.Uma característica do projeto capaz de defini-lo é sua finalidade reguladora. Desta regulação depende o Estado ao impô-la sobre a produção artística como condição de financiamento. Não existe outra razão para existência dos Editais, senão a regulação das finalidades (e não da metodologia) das obras de arte. A metodologia, como dissemos, a “operacionalização prática” da obra, é um dispositivo endógeno da produção, auto-determinada.
A submissão de uma obra a um Edital implica a adesão aos pressupostos reguladores, expressos já em sua própria forma – (revelando em si mesma a adesão pro forma): “os que assinam o presente Edital comprometem-se com a observância de seus dispositivos legais” – e consequente submissão à eleição do fórum decisório aos recursos interpostos (já os antecipando e regulando de antemão): “Comarca da Capital”, etc. Típico caso em que a aparência não pressupõe significado “de fundo”: nela mesma estão explícitas as coordenadas de sua operação. A finalidade da obra não pode estar em contradição com os dispositivos do Edital – quais sejam: regular a finalidade da obra. É um movimento endógeno, em direção a si mesmo. Nada pode fugir ao controle – não das indefinições da poiesis, mas dos dispositivos exteriores do Edital.
Noutras palavras, o artista não mais é submetido à imprecisão e à efemeridade da expressão plástica, à ambiguidade constitutiva da criação – o que o submete são as cláusulas do Edital, que o condicionam “de fora”. O funcionamento do Edital prevê e obriga a execução do trabalho, independentemente das intempéries e oscilações próprias do fazer artístico, interpondo o acaso da experimentação à regularidade dos cronogramas; pressupondo o consumo na planilha de gastos; determinando seus procedimentos no confinamento de relatórios parciais; delimitando, por fim, o trabalho final numa exposição pré-agendada, inclusive regulando a forma de sua publicidade.
Em resumo: é assim que a poética é subsumida aos dispositivos do poder. Se o trabalho artístico propõe a desconstrução de visões hegemônicas, utopias anarquistas, estratégias contra-cultura e contra a ordem estabelecida, ao passar pelas instâncias referendadas pelo Edital reinsere-se na lógica normativa do poder.
Só não vê, quem não fala…
[1]BOUTINET, J. P. Antropologia do Projeto. Porto Alegre: Artmed, 2002. Textos: Prefácio e capítulo 1 “Liminar: do conceito ao paradigma”. [PDF: BOUTINET_Antropologia do Projeto_cap1]
Avalie isto:
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Como se descobre uma pintura falsa?
Compartilhado da Revista Superinteressante
por Daniel Schneider
Quando a falsificação é grosseira, os especialistas utilizam um aparelhinho barato e eficiente: o olhômetro. Mas fraudes mais sofisticadas só são oficialmente desmascaradas após minuciosas avaliações e exames multidisciplinares.
Fazer a verdade vir à tona tem seu preço. Mais exatamente, R$ 16 mil, valor cobrado pelo Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor), da Faculdade de Belas Artes da UFMG, a única instituição brasileira cujos exames valem como evidência indiscutível na Justiça. Obrigatoriamente, participam de cada análise do Lacicor 4 cientistas: um historiador da arte, que analisa os traços de estilo do autor à procura de distorções; um conservador, que analisa o estado físico da obra e suas possíveis restaurações; um grafodocumentoscopista, que faz a perícia da assinatura do autor; e um químico, que faz análises da composição dos materiais presentes na tela. Cada exame e seus comentários são reunidos em laudos que costumam ter em torno de 100 páginas.
Desde a inauguração, em 1995, o laboratório já analisou 200 pinturas — 90% falsas. Para o professor Luiz Souza, coordenador do laboratório, existe risco de uma fraude passar pelos testes sem ser denunciada. “Não quer dizer que ela ‘tenha enganado a todos’. É que às vezes não dá para ter certeza da falsificação”, diz.
Fazer a verdade vir à tona tem seu preço. Mais exatamente, R$ 16 mil, valor cobrado pelo Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor), da Faculdade de Belas Artes da UFMG, a única instituição brasileira cujos exames valem como evidência indiscutível na Justiça. Obrigatoriamente, participam de cada análise do Lacicor 4 cientistas: um historiador da arte, que analisa os traços de estilo do autor à procura de distorções; um conservador, que analisa o estado físico da obra e suas possíveis restaurações; um grafodocumentoscopista, que faz a perícia da assinatura do autor; e um químico, que faz análises da composição dos materiais presentes na tela. Cada exame e seus comentários são reunidos em laudos que costumam ter em torno de 100 páginas.
Desde a inauguração, em 1995, o laboratório já analisou 200 pinturas — 90% falsas. Para o professor Luiz Souza, coordenador do laboratório, existe risco de uma fraude passar pelos testes sem ser denunciada. “Não quer dizer que ela ‘tenha enganado a todos’. É que às vezes não dá para ter certeza da falsificação”, diz.
Teste de fidelidade
Conheça os exames que podem garantir a autenticidade de uma pintura ou esmascarar uma fraude
O suspeito
O Lacicor investigou um quadro atribuído a Diego Velásquez (1599-1660), mas aparentemente uma imitação de The Woodsman, de Thomas Gainsborough (1727-1788).
Assinatura
O exame completo também analisa a assinatura do quadro, para verificar se ela se assemelha a outros exemplos conhecidos.
Infravermelho
Esses exames rendem gráficos que em conjunto são uma espécie de “impressão digital” do quadro, que são comparados com outros do mesmo autor e do mesmo período.
Análise química
Feita com amostras da obra, permite identificar sua idade e as substâncias utilizadas pelo autor.
Luz rasante
Um foco de luz paralelo à superfície da pintura permite analisar detalhes do relevo das pinceladas.
Luz ultravioleta
A fluorescência da “luz negra” não serve só para desvendar o Código Da Vinci. Ela também realça restaurações, danos e outros detalhes invisíveis a olho nu.
Raio X
Ele permite enxergar através das camadas de tinta. É possível detectar o método utilizado para pregar a moldura e até pinturas distintas abaixo da superfície
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Warburg - Banco comparativo de Imagens
Compartilhado de http://www.unicamp.br/chaa/warburg.php
|
domingo, 13 de abril de 2014
Uiara Bartira, a inquieta
Uiara Bartira em frente a uma das pinturas de Ecce Mondo, que estará em cartaz no Solar do Rosário: “detesto posar, não sou fotogênica”
A artista plástica inaugura hoje, no Solar do Rosário, mostra com 20 obras recentes e lança o livro Ecce Mondo, que retrata seu envolvimento com a pintura
Compartilhado do caderno G da Gazeta do Povo / Publicado em 13/04/2014 | ISADORA RUPP
Já formada pela Escola de Belas Artes do Paraná e chegando na casa dos 30 anos, a artista plástica Uiara Bartira se viu em meio a uma crise: seguiria ou não o caminho das artes? Um dia, choramingando ao telefone com a mãe, Cléo, sobre a situação, ouviu dela a frase que tomou como mantra para toda a vida: “minha filha, pare de chorar. Coloque este choro na sua obra, porque o artista não é aquele que quer ser, é aquele que é.” Uiara nunca mais esqueceu as palavras, e lá se vão mais de 30 anos de arte.
A artista, que vem emendando um projeto no outro, lança hoje, às 11 horas, no Solar do Rosário, uma nova exposição e livro, Ecce Mondo, apenas seis meses depois de abrir uma grande retrospectiva no Museu de Arte Contemporânea (MAC).
Exposição
Ecce Mondo
Solar do Rosário (R. Duque de Caxias, 4 – Largo da Ordem), (41) 3225-6232. Exposição com 20 obras de Uiara Bartira, mais lançamento de livro homônimo. Inauguração hoje, às 11 horas. A mostra pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10 horas às 19h30. Sábados e domingos, das 10 às 13 horas. Entrada franca. O livro Ecce Mondo terá distribuição gratuita em escolas da rede pública municipal, e estará à venda a R$ 50 na livraria do Solar do Rosário e na Livraria da Vila, no Shopping Pátio Batel
“Sempre trabalhei muito, às vezes fico pensando que não tenho muito tempo para outras coisas. Mas foi a arte que me escolheu, não fui eu quem a escolhi, não. Tenho certeza disso.”
Uiara Bartira, artista plástica.
Na nova mostra, estão reunidas cerca de 20 obras realizadas de 2010 para cá, todas elas pinturas e desenhos, o que foge da área que consagrou Uiara, a gravura. Seu nome na técnica é tão representativo que foi ela a organizadora do Museu da Gravura de Curitiba. No novo livro, além das imagens dos trabalhos, há ainda um texto da artista refletindo sobre a cor, o movimento e as formas na pintura.
“Todo o artista ama a pintura. A gravura, a escultura, são técnicas que sempre tiveram um dono, alguém a criou. Já a pintura não, então é um desafio para criar, é algo de paixão mesmo”, teorizou a artista enquanto posava para as fotografias da reportagem, em frente de uma enorme tela que integra a mostra. “Eu detesto fotos! Quando era moça já detestava, imagina agora.”
Uiara, que começou sua carreira na década de 1980, explica que sua relação com a pintura se dá principalmente por meio do estudo da cor, e de como ela evolui. “Para mim, foi um desafio”, conta a artista. Além da tela de grande dimensão, também há desenhos de figuras, mas não representativas. “É algo meio surrealista, mas não vou definir, porque não sei direito ainda. Mas trabalhei a vida toda para isso, para que as imagens não sejam apenas uma representação. Com a invenção da fotografia, a pintura ganhou liberdade, e a arte virtual hoje também cria outra situação para a pintura.”
“Workaholic”
Uiara é o tipo de pessoa que não para: quando não está criando obras novas em seu ateliê montado na casa da filha (onde ela acaba trabalhando junto com os netos, que pegaram gosto pela área), está organizando novos projetos ou estudando. Acabou de concluir uma especialização em Fotografia, na Universidade Tuiuti e, no ano passado, ficou meses envolvida na abertura da mostra Conciliar, em outubro, no Museu de Arte Contemporânea, que também teve catálogo homônimo.
Para reunir as 180 obras da exposição (que continua em cartaz no MAC até o final desse mês), ela precisou rever boa parte de seu acervo, o que gerou uma compilação inédita, mas também uma baita alergia. “Fui mexer em coisas de 15 anos atrás sem luva, nem máscara. Peguei uma bactéria e fiquei muito mal.”
Um mês depois, ela doou 41 obras, entre xilogravuras (madeira) e gravuras em metal para a Pinacoteca de São Paulo. Os trabalhos foram escolhidos pelo diretor do espaço, Ivo Mesquita, e pelo curador de gravuras, Carlos Martins. A negociação, que levou cerca de um ano, aumentou o número de espaços que têm no acervo obras da artista, como o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o Oscar Niemeyer. “Eu sempre trabalhei muito. Às vezes fico pensando: eu só trabalhei! Não tenho muito tempo para outras coisas”, diz a artista, que desde criança se envolveu com a arte, um “olhar mais interno”, como prefere dizer.
Estudou piano por oito anos, o que, segundo ela, lhe deu uma noção enorme de espacialidade, além da disciplina. No colégio interno, as freiras pediam para as alunas desenharem partituras musicais com nanquim. “Não tinha educação artística nessa época, mas tive esse privilégio de sempre ter arte na escola.”
Em casa, a atmosfera era a mesma: uma tia musicista vivia com a família, e ela lembra como o lar se transformava em uma grande oficina, com lantejoula para todos os lados, quando bordavam máscaras para o Carnaval. “Sempre fui incentivada, não podia dar em outra coisa. Mas foi a arte que me escolheu, e não eu. Tenho certeza.”
A mulher que viveu para contar
A “Polaca” e a tela pintada em 1935: quadro original foi destruído e um novo feito de memória. Ela trajava vermelho quando modelo e pintor se conhecera
Documentário A Polaca, de Fernando Severo, recupera a história de Hedwiges Mizerkowski, 104 anos. Na juventude, Iadja foi modelo de uma das telas mais importantes do pintor Guido Viaro. Apaixonados, separaram-se por “razões sobrenaturais”
Compartilhado Caderno G Gazeta do Povo / Publicado em 17/10/2013 | JOSÉ CARLOS FERNANDES
Diante da pintura, não teve dúvidas: a figura retratada – uma moça bela, de cabelos muito loiros, olhos azuis cristalinos e nariz aristocrático – era de fato ela, Hedwiges. Nunca tinha visto a pintura. Nem sequer sabia de sua existência, mas lembrava, com todas as tintas, das semanas em que posara para Viaro num pequeno sótão do Centro de Curitiba e do flerte que viveram.
Reprodução
Ampliar imagem
Hedwiges na festa de 102 anos – registrada pelas filmagens
Cinema
Confira informações deste e de outros filmes noGuia JL.
Tinham se passado mais de 60 anos desde aqueles dias, e não poucos duvidaram de que fosse possível saber de quem se tratava a guria. Difícil que estivesse viva. Mas os olhos azuis de Hedwiges não deixam mentir. Não demorou muito para que a história algo surreal chegasse aos ouvidos dos herdeiros de Viaro, aos pesquisadores de arte, à imprensa e ao cineasta Fernando Severo, que contou a história no documentário A Polaca, em cartaz no Cine Guarani desde a última sexta-feira (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).
A origem
“Por que você não faz um filme sobre ela?”, provocou a crítica de arte Maria José Justino, autoridade na obra de Viaro, e na tela A Polaca em particular. O quadro pertence ao acervo do Museu Guido Viaro. Fernando – que já tinha se aventurado pelo gênero documentário no premiado O Mundo Perdido de Kozák (1988), sobre o fotógrafo e indigenista checo Vladimir Kozák – tinha faro o bastante para saber do potencial da trama. E experiência de sobra para nutrir dúvidas. Hedwiges era uma iniciante – arrisca a mais tardia do mundo. Temia que uma mulher centenária não se desse bem com as câmeras, quanto mais para expor um segredo guardado desde os tempos em que Getúlio Vargas ainda era um jovem caudilho. Enganou-se.
“A expressão dramática me impressionou. Ela não tem constrangimento. Tem comportamento de estrela”, comenta o cineasta, sobre o desempenho de Hedwiges, com folga o maior trunfo do documentário de 70 minutos. A “amada imortal” de Guido Viaro encanta a plateia a cada sequência, em especial aquela em que fala com um retrato do pintor. Aplausos, igualmente, para o momento em que faz uma revelação sobre o homem com o qual se casou, anos depois. E para a cena final, cujo teor merece ser guardado. “Ela é abusada”, brinca Severo.
A tarefa do cineasta é o que se chama de falsamente fácil. A maioria das filmagens foram feitas quando a agora sua modelo tinha 102 anos e alguns sinais de surdez. Além de dar conta de uma atriz com um século de serviços prestados à vida discreta, tinha de traduzir a figura de Guido Viaro, um gigante das artes, mas que está longe de ser popular junto ao grande público.
O recurso encontrado pelo diretor serviu como luva: ele ladeia cada passo da cronologia do pintor italiano com os da curitibana de origem polonesa, até chegar ao breve momento em que se encontram, apaixonam-se e vão cada um para um lado, no melhor estilo “amor impossível” – um Titanic da Rua Brasílio Itiberê. O resto é quase uma eternidade. Hedwiges e Guido nunca mais se encontraram na cidade que é descrita como um ovo.
Juras
Hedwiges, ainda que apaixonada, teria rejeitado as juras de Viaro, que se casou com Yolanda Stroppa, musa de inúmeras outras pinturas. Constantino – filho único de Guido e Yolanda – desconhecia que o pai vivera um romance antes da mãe. A revelação ainda lhe soa estranha, mas não teve como não se render. O Guido Viaro que emerge da fala de Hedwiges soma algo de novo à biografia.
O pintor era um mito a anos-luz da figura de um forasteiro que arrasta asas para uma polaquinha. Viaro paira no imaginário paranaense como um sujeito de gestos largos, iluminado, viril, além de um braçal admirável. Como viveu numa Curitiba de paladar acanhado para a boa pintura, virava-se nos 30, acabando-se em aulas na Escola de Belas Artes, no Centro Juvenil de Artes Plásticas e em colégios que o chamassem. Tinha contas a pagar nas mercearias da Sete de Setembro. Difícil imaginá-lo na página de um romance – ao menos que fosse um folhetim de anarquistas. Na fala de Hedwiges, contudo, Guido é um sujeito humano, demasiadamente humano, que chora e implora que não o deixe.
A trama
Depois de se identificar na pintura A Polaca, exposta no MON, Hedwiges teve um sonho, no qual se reencontrava com Guido Viaro. Despertou apaixonada por ele, o que na sua lógica nada tem de absurdo. É espiritualista – um espírito evoluído dentro do kardecismo. Na mocidade, dispensara o pintor guiada por entes sobrenaturais. Na velhice, os mesmos seres lhe informaram de um reencontro marcado, muito além do jardim. Pode-se não crer. Difícil não se emocionar.
Essa poética de reencarnação garante cada minuto de A Polaca. Ninguém passa impune pela mulher, hoje com 104 anos, que qual adolescente deseja um amor que já se foi. Guido morreu em 1971. As descrições que faz de seu flerte com o artista, na década de 1930, são de um frescor tamanho que fazem dos mexericos das redes sociais um romance decadente.
Tudo se deu num salão dançante de alguma sociedade polonesa da época. Ela, Hedwiges, era talhada para a dança; ele, Viaro, viu-se às turras com a cera de vela espalhada pelo salão, de modo a garantir que os casais deslizassem. Riram juntos da falta de jeito dele. Bastou.
Depois de se declarar à pretendente, o italiano perde a ternura. Hedwiges recusa se casar. Ele teria rasgado o quadro – intitulado Conjectura e do qual não há registro. A Polaca fora pintada de memória, tempos depois, reforçando o ethos próprio de Viaro: a modelo não está ali para ser copiada, mas servir de base para a invenção. Que dirá essa invenção, apontada como um dos retratos mais importantes do modernismo brasileiro por outra crítica de arte – Adalice Araújo.
Em tempo. As passagens do documentário em que Maria José Justino – e ex-alunos de Viaro, como Teca Sandrini, Fernando Bini e Jair Mendes – dissecam a tela A Polaca são tão boas quanto o amor de naftalina narrado por Hedwiges. Os convidados de Severo operam uma verdadeira anatomia, juntando os fragmentos do discurso amoroso contidos em cada pincelada da tela.
Hedwiges, concluem, é a moça do quadro. Só um apaixonado a retrataria daquela forma. O que era um segredo da mulher tão velha, que até parece mentira, se torna um testamento. Depois dessa, Severo passou até a acreditar mais em destino. E que ele faz parte de um