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Texto: Paula Alzugaray •
31ª Bienal anuncia 30 projetos selecionados e aprofunda conceitos. Quatro palavras guiam o trabalho curatorial: coletividade, conflito, imaginação e transformação
Foto da coletiva com a equipe curatorial da 31ª Bienal de São Paulo (foto: Paula Alzugaray)
Em coletiva de imprensa trilíngue (em inglês, português e espanhol), realizada hoje, a curadoria da 31ª Bienal apresentou os 30 primeiros projetos selecionados. Entre eles, figuram o coletivo Contrafilé e a artista Graziela Kunsch (Ver lista aqui http://drive.google.com/file/d/0B2Zdx85KaWDoY2hKZkpuZ3FfRVE/edit?usp=sharing) . Ao todo, a Bienal deverá apresentar cerca de 75 projetos, que serão anunciados nos próximos meses.
Com coreógrafos, pedagogos, grupos teatrais, arquitetos e sociólogos entre os selecionados, esta se propõe em curadoria transdisciplinar, que se afirma pautada pela “ideia de trans” (transgressão, transcendência, transgênero, transexualidade, transformação, trânsito etc). A coreógrafa Lia Rodrigues, por exemplo, trabalhará em colaboração com Tunga.
Para apresentar os projetos e aprofundar os conceitos trabalhados, os sete integrantes da equipe curatorial sentaram-se diante de uma tela onde era projetada em loop uma sequência de imagens de múltiplas procedências, reunindo cenas das manifestações de rua de 2013, cenas ritualísticas, street dance, charges políticas contemporâneas, cartazes de rua.
“Um artista de rua faz mais que um Ministro da Cultura”, diz um dos cartazes projetados no fundo do palco.
Em uma dinâmica original, salientando o modo de trabalho coletivo escolhido pelo curador convidado Charles Esche, os sete integrantes falaram de aspectos diversos do projeto, interrompendo uns aos outros com perguntas.
“Selecionamos artistas que respondem a perguntas que nos fizemos”, disse Esche após Galit Eilat e Benjamin Seroussi terem iniciado o colóquio coletivo. As perguntas, segundo ele, podem ser sintetizadas em 4 palavras: coletividade, conflito, imaginação e transformação. Todas elas confluem na e para a obra do artista indiano convidado para realizar a imagem-símbolo do projeto, Prabhakar Pachpute.
Deslocamentos, movimento, viagens, migração é portanto um dos eixos fortes da curadoria. A ele, respondem os trabalhos de artistas como Armando Queiroz (Belém do Pará), Danika Dakié (Sarajevo), Edward Krasinski (Luck, Polonia), o coletivo Etcetera (Buenos Aires) e Juan Downey (Santiago, Chile), cuja poética se estrutura sobre viagens pela America Latina.
A pauta ‘situações de conflito’, que parece estar centralizada entre interesses da curadora venezuelana Nuria Enguita Mayo, está sendo desenvolvida, por exemplo, pelo artista basco Juan Pérez Agirregoikoa, que realizou três viagens pelo Brasil, acompanhado da equipe do Educativo. Seu projeto consiste em reencenar um filme de Pasolini em uma comunidade em conflito.
Do conflito, emergem subjetividades coletivas e imaginação. O roteiro conceitual da apresentação do projeto curatorial da 31ª Bienal levou Pablo Lafuente a afirmar que essa será uma Bienal “mística e política”, ao responder pergunta da curadoria associada Luiza Proença. “Acho que podemos arriscar falar em uma transbienal, que promove atravessamentos de fronteiras”, disse ela.