Compartilhada de Casa Sul
Em 1984, Zilda Fraletti iniciou suas atividades ligadas às artes plásticas em Curitiba. Com a criação da Galeria de Arte Zilda Fraletti naquele ano, a artista estabeleceu como foco principal de seu trabalho a divulgação da arte contemporânea de qualidade produzida no Paraná, sempre com a preocupação de incentivar novos talentos e levá-los para fora da galeria, promovendo, assim, uma maior interação entre o público e os artistas. Passados 30 anos, o espaço destinado à cultura é reconhecido como um dos mais tradicionais da capital paranaense, tendo, atualmente, expressiva relevância no cenário cultural da cidade.
O site Casa Sul conversou com a galerista para saber um pouco mais da história de seu espaço que completa nesse ano três décadas. Confira o bate-papo:
Casa Sul: A Galeria completa 30 anos em 2014. Como analisa esta trajetória?
Zilda Fraletti: Me dá muita alegria ver que a galeria já tem uma história! Neste período, já realizamos muitas exposições, divulgamos novos artistas, trouxemos artistas consagrados para mostrar seus trabalhos em Curitiba e levamos nossos artistas a outras cidades e países. Organizamos cursos de arte, realizamos parcerias com museus locais, viabilizamos a aquisição de obras de qualidade, procuramos levar informação e desmistificar a arte.
CS: Em todos esses anos, a Galeria Zilda Fraletti conseguiu cumprir o seu objetivo: divulgar a arte contemporânea de qualidade produzida no Paraná?
ZF: Com certeza! Desde o início, com os primeiros consórcios de arte de Curitiba, tenho me dedicado a divulgar a arte contemporânea paranaense. Há artistas de altíssima qualidade que fazem parte da nossa história atual e que muitas vezes não recebem a atenção que merecem. Nestes 30 anos, acompanhei o crescimento de vários, o que me traz uma alegria imensa. O que mais gosto não é só de trabalhar com artistas consagrados, mas de participar do crescimento dos mais novos. Através da parceria com as melhores lojas de móveis de Curitiba, tenho procurado levar arte de qualidade para perto das pessoas, que muitas vezes têm dificuldade de entrar em galerias.
CS: De agora em diante, quais são os planos para a Galeria Zilda Fraletti?
ZF: De forma geral, continuar mais ou menos na mesma linha de trabalho, divulgando e comercializando artistas contemporâneos, mas sempre inovando, buscando novas formas de interagir com a cidade, com o meio artístico. Espero que o aprendizado destes 30 anos me ajude a realizar muitas coisas boas nos próximos anos. Trabalhar na área cultural em nosso país não é fácil, mas com paixão a gente consegue superar obstáculos. Meu sonho é que a arte seja mais acessível a um maior número de pessoas e que a galeria seja vista como um espaço onde se pode entrar apenas para apreciar boa arte sem a preocupação em comprar, onde se possa apenas se emocionar e deixar levar pelas criações que ali se encontram. Fica aqui o convite!
CS: Haverá alguma exposição ou evento comemorativo aos 30 anos?
Sim, em setembro comemoraremos com uma exposição do Zimmermann, o primeiro artista com quem trabalhei em 1984. Ele acreditou na ideia dos consórcios de imediato e é um dos maiores parceiros da galeria até hoje.
CS: Pode-se falar em tendência na arte?
Sim, há tendência na arte, como em tudo. Atualmente, há muitos artistas que desenvolvem trabalhos conceituais e usam linguagens muito variadas para se expressar – vídeos, instalações, fotos, etc. A diversidade é enorme. Falou-se muito no fim da pintura, mas ela continua forte. Não há, atualmente, uma clara divisão em escolas, estilos e movimentos, como em tempos passados (impressionismo, expressionismo, cubismo, realismo, surrealismo, modernismo, para citar apenas alguns).
CS: Como fazer um bom investimento em arte?
O melhor investimento que se pode fazer ao comprar arte é em si mesmo, no prazer de conviver com obras que nos transmitam emoções, e com as quais gostemos de conviver. É claro que podemos ter sorte de comprar obras que valorizem, sendo um bom investimento, mas não acredito que este deva ser o motivo principal para se adquirir arte. Nada se compara ao privilégio de poder ter obras de arte de qualidade por perto e, caso a valorização aconteça com o tempo, você terá a agradável sensação de ter investido de maneira correta, além de ter desfrutado do prazer de conviver com uma obra de seu agrado.
CS: Para quem quer começar a adquirir obras, você tem alguma dica?
O primeiro passo para comprar arte é informar-se, criar um repertório pessoal. Frequentar museus, galerias, leilões, ler a respeito, prestar atenção às obras de arte. Assim, é possível apurar o conhecimento e ganhar confiança. O caminho é este: pesquisar e aprender, para saber do que se gosta. E iniciar sua própria coleção, que será única. Há ótimos novos artistas em ascensão que com certeza seguirão carreiras consistentes, e suas obras, que atualmente têm valores bastante atraentes, terão seus preços valorizados. Mas é muito difícil dizer com certeza se isto vai ou não acontecer – é como nas bolsas de valores, em que se investe em ações apostando que elas valorizarão, mas nem sempre se acerta. Por isto prefiro acreditar que esta não deve ser a principal motivação para se adquirir arte.