Série fotográfica critica universo dos marchands
O fotógrafo Andy Freeberg passa boa parte de suas tardes em museus e galerias. Ele não percorre as salas para admirar as obras, mas, sim, as pessoas que trabalham lá dentro. A observação indiscreta, que ocorre desde 2009, já deu material suficiente para ele montar duas exposições, uma sobre as grandes mesas brancas das recepcionistas nas galerias do Chelsea, bairro descolado em Nova York, e outra sobre as mulheres que guardam as telas dos museus de São Petesburgo, na Rússia.
Mas foi nas feiras de arte que ele descobriu o ambiente ideal para praticar este voyeurismo artístico. Seu trabalho camufla-se entre a divertida apatia que acomete as pessoas nos estandes de compra e venda de peças de arte. Uma explosão de tinta derrama-se pela parede, e marchands, colecionadores e artistas não desgrudam os olhos dos seus aparelhos eletrônicos – quando não dão de ombros ou viram-se de costas, quase insensíveis às obras contemporâneas e indiferentes ao talento dos artistas.
Seria uma bela crítica ao momento atual das artes plásticas se Freeberg só estivesse interessado no registro. Mas ele refuta o banal e, atentamente, busca enquadrar junto às cores e expressões uma metáfora inteligente do universo da sua própria obra. “Fui atraído não só pelas pessoas, mas também pelas combinações de arte, roupas, equipamentos e posturas. Encontrei iluminação, figurino, cenografia para fotografar estes dioramas vivos, em que o próprio mundo da arte atua”, explica o fotógrafo.