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André Rodrigues/Gazeta do Povo
Mineiro radicado em Curitiba desde 1987, José Antonio de Lima começou na carreira “oficialmente” após um de seus desenhos ser selecionado para o Salão Paranaense daquele anoBodas de prata com a arte
Percurso artístico de 25 anos de José Antonio de Lima é festejado com nova exposição e livro, que serão lançados neste domingo no Solar do Rosário
Publicado em 23/02/2014 | ISADORA RUPP compartilhado caderno G da Gazeta do povo.
Na ocasião, também será lançado um livro homônimo, viabilizado pela Lei Rouanet, que reúne reportagens publicadas em diversos veículos brasileiros, além de textos de críticos de arte como Adalice Araújo (1931-2012) – ambos os projetos têm curadoria de Fernando Bini. As 250 páginas trazem ainda imagens que resumem as fases do trabalho do artista.
André Rodrigues/Gazeta do Povo
O artista mostra trabalhos ainda fora das paredes da galeria: “sabemos quando o espaço não gosta da obra.” Abaixo, uma de suas telas
Programe-se
José Antonio de Lima – Trajetórias
Galeria Solar do Rosário (R. Duque de Caxias, 4 – Largo da Ordem), (41) 3225-6232. Individual do artista e lançamento do livro homônimo. Inauguração domingo, às 11 horas. Entrada franca. Visitação da mostra de segunda a sexta-feira, das 10 horas às 19h30. Sábado e domingo, das 10 às 13 horas. Até 30 de março. O livro estará à venda no local por R$ 80, e também pode ser encontrado nas lojas da rede Livrarias Curitiba e na Livraria da Vila, no shopping Pátio Batel.
Na exposição (Lima exibe os seus trabalhos no Solar do Rosário desde a abertura do espaço, em 1992), será possível ver objetos, obras em tecidos e várias pinturas – no total, são cerca de 30 trabalhos. “Vou montando e vejo o que fica bom ou não. A gente vê quando o espaço não gosta do trabalho”, diz Lima. Na parte de fora da galeria, o artista pendurou grandes instalações em alumínio, que integram a série Tramas, expostas na Casa Andrade Muricy há dois anos. “São pequenos fragmentos que formam a obra, é um ajuntamento de muitas coisas e reflexões”, explica.
As obras de Lima, aliás, trazem a “acumulação” da sua bagagem, ou seja, todas as séries desenvolvidas têm relação umas com as outras. As estruturas ocas de materiais orgânicos e papel, Casulos, deram origem a Catedrais, instalações em tecido cru enferrujado expostas e 2006 na individual Visibilidades, no Museu Oscar Niemeyer. “Depois das Catedrais, fiz uma exposição na Alemanha e outra no Japão, e vi que era um transtorno levar (risos). Pensei em como ficar mais fácil para carregar, e daí surgiram as Tramas”, conta o artista que, antes de realizar as obras em metal, as produziu em tecido cru.
Caminho
O desenho acompanha José Antonio de Lima desde criança, quando o mineiro chegou ao Paraná aos nove anos de idade, na cidade de Grandes Rios, centro do estado. Aliás, foi um desenho, Moça, de 1986, selecionado para integrar o 43.º Salão Paranaense, que iniciou “oficialmente” a sua carreira de artista. A formação não veio dos bancos escolares. Lima cursou jornalismo em Londrina, trabalhou com publicidade e propaganda e como assessor de imprensa na Emater. Levou as duas carreiras paralelamente por muitos anos, trabalhando dia e noite e realizando cursos e oficinas com artistas nos finais de semana. “Foi um longo caminho.”
Depois das críticas elogiosas ao seu trabalho por conta do Salão, ele se “empolgou.” Com a mudança para Curitiba, em 1987, as portas começaram finalmente, a se abrir um pouco mais.
No entanto, o percurso foi complexo. No começo, mal havia dinheiro para comprar tela. “É dificílimo. Vi muita coisa acontecer, muitos artistas talentosos que desistiram, outros que migraram. Isso reflete toda a dificuldade de fazer arte no Brasil. Se você não tem o apoio da família, de galerias e de empresas que querem patrocinar o seu projeto, nada acontece.”
Por várias vezes, principalmente para realizar viagens (alguns prêmios de residência artística, ou para participação em salões e exposições não contemplam todas as despesas), teve de “se financiar.” “Você reúne amigos e conhecidos, consegue vender algumas obras e vai.” Circular por vários museus do mundo – a lista inclui Berlim, Paris, Barcelona, São Francisco, Nova York (“se eu pudesse, iria para lá uma vez por ano”), é algo que o ajudou a crescer. “As intermediações são fundamentais na área cultural. Abrem espaço para convites e facilitam a expansão do seu trabalho. Não podemos ficar fechados.”
Reflexão
Lima faz questão de ressaltar que a mostra e o livro não são uma retrospectiva, mas sim um apanhado do que já realizou até então. Para ele, os projetos trazem uma ponderação sobre o seu trabalho. “Analisamos: ‘e seu eu tivesse feito isso ou aquilo?’. No meu caso, um momento desperdiçado não volta mais. Você pensa num projeto que não executou, às vezes por falta de apoio, às vezes por preguiça mesmo. São coisas que não voltam. Mas acho que fiz uma boa caminhada”, conclui
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