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Programa da BBC Antiques Roadshow ajudou a descobrir uma "obra-prima" de um dos mais importantes mestres flamengos do século XVII, comprada por um padre que gostou da sua moldura.
O padre britânico Jamie McLeod gostou da moldura, dourada, e comprou-a numa loja de antiguidades, dando pouca importância ao retrato de um homem barbudo que ela guardava. Custou-lhe 400 libras (480 euros). Agora, depois de uma visita da pintura ao programa de televisão Antiques Roadshow, que a BBC leva pelo Reino Unido para avaliar antiguidades que os espectadores tenham em casa, concluiu-se que era uma “obra-prima” do mestre flamengo Anton Van Dyck e que vale perto de 480 mil euros.
“É o sonho de qualquer pessoa descobrir uma obra-prima perdida. Encontrar um Van Dyck genuíno é incrivelmente excitante”, disse à Reuters Fiona Bruce, uma das apresentadoras do popular programa da BBC. Segundo a BBC News, Jamie MacLeod, que comprara o retrato numa loja de antiguidades em Chesire, levou em Junho de 2012 a pintura até Cirencester, em Gloucestershire, para o mostrar numa das edições do programa.
Fiona Bruce, que antes disso tinha estado a preparar um programa sobre o mestre flamengo com o perito Philip Mould — Van Dyck foi um nome muito falado no país este ano, porque um coleccionador que comprou um auto-retrato do pintor no Reino Unido por 15 milhões de euros e o planeava levar para o estrangeiro foi alvo de uma proibição temporária de exportação e de uma campanha que pretende mantê-lo no país —, viu-o e pensou imediatamente ter identificado um Van Dyck. Aliás, a moldura que tanto entusiasmou o padre ostentava uma placa com a letra A. Van Dyck. Segundo o diário Independent, pensava-se que seria uma falsificação de um Van Dyck.
Mould, que trabalha com o Antiques Roadshow, suspeitou também que tinha um original à sua frente e pediu ao padre que procurasse limpá-lo, livrando-o de camadas de tinta mais recentes, restaurá-lo e autenticá-lo. “Descobertas como esta são excepcionalmente raras”, diz Mould, citado pela BBC News.
A pintura foi então restaurada e autenticada por Christopher Brown, um dos maiores conhecedores da obra de Van Dyck e director do Museu Ashmolean, em Oxford. Esta é não só uma descoberta importante para o mundo artístico, sendo Van Dyck um dos mais importantes artistas do seu tempo, como a mais valiosa pintura identificada no Antiques Roadshow, que tem 36 anos de história e um público fiel.
O retrato em causa é de um magistrado de Bruxelas e pensa-se que seria um estudo de Van Dyck quando preparava em 1634 uma obra de maior dimensão que deveria representar sete magistrados mas que foi destruída mais tarde. Christopher Brown descreve a pintura agora descoberta como “um exemplo arrebatador” da mestria do pintor flamengo como retratista, exímio na observação directa, cita a Reuters. Van Dyck era um dos pintores residentes da corte inglesa no século XVII, talvez o mais importante da sua época, e retratou, entre outros, o rei Carlos I.
Agora, o padre MacLeod pensa vender o retrato para que as receitas da venda financiem o restauro dos sinos da capela do retiro religioso pelo qual é responsável em Derbyshire. “Tem sido uma experiência emocionante”, regozijou-se o padre, satisfeito com as “boas notícias”. O programa com toda a história foi transmitido este domingo — em Portugal, o Antiques Roadshowpassa no canal BBC Entertainment, disponível nos serviços de televisão por subscrição.