compartilhado de Mente e cérebro
Enviado pelo diretor de redação da revista IstoÉ para uma matéria na Colônia Juliano Moreira,
no Rio de Janeiro, em 1985, Walter Firmo não imaginava que seria um dos poucos fotógrafos a
registrar imagens de um dos maiores artistas plásticos brasileiros do século 20, Arthur Bispo do
Rosário, interno da instituição psiquiátrica há mais de 50 anos, desde que sofreu um surto
psicótico e invadiu um mosteiro afirmando-se enviado de Deus.
Acompanhado do jornalista José Castello, Firmo fez fotos jornalísticas para a matéria.
Mas, fascinado por sua figura, acabou voltando ao manicômio nos dias seguintes e,
com uma simples câmera Nikon F2, produziu um raro e sensível ensaio.
O resultado das horas em companhia do artista pode ser visto no Rio de Janeiro, até fevereiro.
Com curadoria da psicanalista Flávia Corpas, a exposição Walter Firmo: um olhar sobre
Bispo do Rosário é um recorte de um dia de Bispo na colônia, que se produziu
cuidadosamente – vestiu seu manto da apresentação e a túnica bordada de oficial,
obras de arte em si, feitas com fios desfiados do uniforme usado no hospital –
e se deixou fotografar junto de vários de seus trabalhos, elaborados com materiais
encontrados no lixo, como o compensado de madeira no qual fixou tênis Conga
usados pelos internos, numa hábil desconstrução dos símbolos manicomiais, característica
de sua obra.
“Estava frente a frente com a singeleza, a inocência – aquele homem vivia uma espécie
de plenitude”, relatou Firmo. Além das imagens, a exposição também exibe um
documentário curta-metragem, com entrevistas do fotógrafo e de Castello sobre o
encontro com Bispo.
Walter Firmo: um olhar sobre Bispo do Rosário. Livre
Galeria. Rua Jardim Botânico, 719, loja 29, Jardim Botânico, Rio de Janeiro.
De terça a sábado, das 14h às 18h.
Informações: (21) 3256-7720. Grátis. De 7 de dezembro até 22 de fevereiro de 2014.