Em sua terceira edição, no Paço das Artes, feira consolida foco em preços mais acessíveis e trabalho de jovens artistas
Compartilhado do Estadão / Cultura - Marina Vaz - O Estado de S. Paulo
Ela começou de forma tímida, em um salão de eventos alugado em Pinheiros. Naquele ano, 2011, entre as 22 galerias participantes, apenas uma era de fora de São Paulo. Agora, em sua terceira edição, a Parte Feira de Arte Contemporânea – que abre hoje para convidados e amanhã para o público – mostra que vem ganhando força. Reúne expositores de cinco capitais (como Rio de Janeiro e Belo Horizonte), além de quatro participantes internacionais (da Argentina aos Estados Unidos).
A proposta do evento, criado pela artista Lina Wurzmann e pela advogada Tamara Perlman, continua a mesma – abrir espaço para jovens artistas e expor obras de qualidade com preços mais acessíveis. Nas edições anteriores, havia um valor máximo para as obras expostas. Neste ano, os galeristas ficaram livres para mostrar peças mais caras, contanto que tivessem uma boa seleção de até R$ 5 mil.
"Percebemos que o teto fazia as pessoas associarem o valor à qualidade”, diz Lina. “Não é o preço que determina a qualidade, e sim o currículo do artista.”
Um exemplo disso é o gaúcho Hélio Fervenza, que participa atualmente da Bienal de Veneza e é representado pela Central Galeria. Na Parte, fotografias que ele expôs na 30.ª Bienal de São Paulo estarão à venda por R$ 8 mil. “Mercado desenvolvido é um mercado médio forte. Ter uma feira como a Parte é muito mais sintomático de que o País está se desenvolvendo nesta área do que ter uma obra vendida por milhões num leilão da Sotheby’s”, avalia Wagner Lungov, dono da Central, que participa pela terceira vez do evento.
Diferente do que ocorre em outras feiras, o nome do artista e o preço ficam em local visível. “É um fator que aproxima, porque muitos acham que não podem ter arte em casa”, diz Tamara Perlman. “Conseguimos imprimir uma atitude menos formal, menos esnobe com relação à arte. Cada vez mais, galerias que estão há tempos no mercado buscam a Parte para renovar sua base de clientes.”
É o caso da Estação, que tem um importante acervo voltado à arte popular e que participa pela segunda vez do evento, levando esculturas de Antonio de Dedé, xilogravuras de Samico e pinturas de Ranchinho, entre outras. “Lá é um público novo, que vai pensando em comprar obras menos conceituais”, avalia a galerista Vilma Eid. “É diferente da SP-Arte, em que muitos vão só para visitar, como se estivessem indo a um museu.”
Focada no público jovem, a Choque Cultural faz sua estreia na Parte mostrando gravuras de artistas como Stephan Doitschinoff e Daniel Melim – a maioria por até R$ 1 mil. “Hoje, incentivar o colecionismo é o principal para se expandir o mercado de arte. É um investimento de longo prazo, um investimento geracional”, observa o curador Baixo Ribeiro, sócio da Choque.
Além dos estandes, a Parte conta com instalações artísticas e mostras voltadas à videoarte e a obras que dialogam com moda e design. A programação também inclui bate-papos, oficinas e atividades para crianças.