domingo, 31 de março de 2013

OS 5% QUE FAZEM A DIFERENÇA - HUDSON MENEZES

Os 5% que fazem a diferença Tínhamos uma aula de 

Fisiologia na escola de medicina logo após a semana 

da Pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado 

aproveitando o feriado prolongado, todos estavam 

ansiosos para contar as novidades aos colegas e a 

excitação era geral. Um velho professor entrou na 

sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho 

para conseguir silêncio. Com grande dose de 

paciência tentou começar a aula, mas você acha que 

minha turma correspondeu? Que nada. Com um certo 

constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio 

educadamente. Não adiantou, ignoramos a solicitação 

e continuamos firmes na conversa. Foi aí que o velho 

professor perdeu a paciência e deu a maior bronca 

que eu já presenciei. Veja o que ele disse: -“Prestem 

atenção porque eu vou falar isso uma única vez”, 

disse, levantando a voz e um silêncio carregado de 

culpa se instalou em toda a sala e o professor 

continuou. -“Desde que comecei a lecionar, isso já faz 

muitos anos, descobri que nós professores, 

trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. 

Em todos esses anos observei que de cada cem 

alunos, apenas cinco são realmente aqueles que 

fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco se 

tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma 

significativa para melhorar a qualidade de vida das 

pessoas. Os outros 95% servem apenas para fazer 

volume, são medíocres e passam pela vida sem deixar 

algo de útil. O interessante é que esta percentagem 

vale para todo mundo. Se vocês prestarem atenção 

notarão que de cem professores, apenas cinco são 

aqueles que fazem a diferença; de cem garçons, 

apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de 

táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e 

podemos generalizar ainda mais: de cem pessoas, 

apenas cinco são verdadeiramente especiais. É uma 

pena muito grande não termos como separar estes 

5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria 

apenas os alunos especiais nesta sala e colocaria os 

demais para fora, então teria o silêncio necessário 

para dar uma boa aula e dormiria tranqüilo sabendo 

ter investido nos melhores. Mas, infelizmente não há 

como saber quais de vocês são estes alunos. Só o 

tempo é capaz da mostrar isso. Portanto, terei de me 

conformar e tentar dar uma aula para os alunos 

especiais, apesar da confusão que estará sendo feita 

pelo resto. Claro que cada um de vocês sempre pode 

escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela 

atenção e vamos à aula de...”. Nem preciso dizer o 

silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o 

professor conseguiu após aquele discurso. Aliás, a 

bronca tocou fundo em todos nós, pois minha turma 

teve um comportamento exemplar em todas as aulas 

de Fisiologia durante todo o semestre; afinal quem 

gostaria de espontaneamente ser classificado como 

fazendo parte do resto? Hoje não me lembro muita 

coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do 

professor eu nunca mais esqueci. Para mim, aquele 

professor foi um dos 5% que fizeram a diferença em 

minha vida. De fato, percebi que ele tinha razão e, 

desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no 

grupo dos 5%, mas, como ele disse, não como saber 

se estamos indo bem ou não; só o tempo dirá a que 

grupo pertencemos. Contudo, uma coisa é certa: se 

não tentarmos ser especiais em tudo o que fazemos, 

se não tentarmos fazer em tudo o melhor possível, 

seguramente sobraremos na turma do resto.

Hudson Menezes