| EXPOSIÇÃO MOSTRA O LADO POP DO UKIYO-E
Durante 04 de março a 12 de abril o público paulistano pode ver uma exposição inédita, unindo mangá e artes plásticas. É o projeto “Ukiyo-e Heroes”, com 15 obras (xilogravuras) do ilustrador norte-americano Jed Henry, que foram expostas no JOH MABE Espaço Arte & Cultura, no Jardim Paulista, em São Paulo.
Jed Henry une a cultura pop à gravura tradicional japonesa, resgatando o próprio pensamento do Ukiyo-e. Tal parceria não é impossível, como explica Fernando Saiki, autor do artigo sobre a prática da estampa japonesa no livro “Imagens do Japão II”, organizado por Christine Greiner e Marco Souza: “as estampas japonesas, que encantaram os impressionistas europeus do século XIX, sobretudo pela nostalgia e exotismo, eram, na verdade, retratos da vida cotidiana e de ícones, tais como as cortesãs e os atores famosos, contemporâneos à época em que foram feitas”.
No sábado dia 02 de março aconteceu um bate papo e uma demonstração da técnica do “Mokuhanga “(Imagem impressa pela madeira) , com o ilustrador Jed Henry, que visita o país pela primeira vez. O artista plástico brasileiro Fernando Saiki, que desenvolve obras em xilogravura japonesa, também participou do evento. A conversa, toda em inglês, teve tradução consecutiva para o português.
Durante a passagem pelo Brasil, Jed também profere uma palestra fechada aos alunos da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
Ukiyo-e Heroes
O projeto iniciado em abril de 2012, em parceria com o gravador anglo-canadense residente em Tóquio, David Bull, já arrecadou U$ 313,000 na plataforma digital Kickstarter, ganhando destaque na mídia internacional, noticiado no jornal The Japan Times, na revista GQ, no site CCN Money e na versão digital da revista Wired (edição japonesa e inglesa).
O projeto iniciado em abril de 2012, em parceria com o gravador anglo-canadense residente em Tóquio, David Bull, já arrecadou U$ 313,000 na plataforma digital Kickstarter, ganhando destaque na mídia internacional, noticiado no jornal The Japan Times, na revista GQ, no site CCN Money e na versão digital da revista Wired (edição japonesa e inglesa).
“Nosso principal objetivo é bombear a vitalidade de volta para esta forma de arte (Ukiyo-e), dando-lhe um apelo moderno, mas mantendo suas tradições”, afirma Jed.
Ukiyo-e
A tradução de Ukiyo-e (“Figuras de um mundo flutuante”), nascido no Japão durante o Período Edo (1603-1868), refere-se a um termo budista sobre a brevidade e a incerteza da vida. Sua criação reflete basicamente às mudanças comportamentais da época (como o nascimento da classe burguesa), em que arte agora era consumida não somente por samurais e a corte.
A tradução de Ukiyo-e (“Figuras de um mundo flutuante”), nascido no Japão durante o Período Edo (1603-1868), refere-se a um termo budista sobre a brevidade e a incerteza da vida. Sua criação reflete basicamente às mudanças comportamentais da época (como o nascimento da classe burguesa), em que arte agora era consumida não somente por samurais e a corte.
As primeiras gravuras eram realizadas para ilustrar histórias de livros, mas Ishikawa Moronobu (?-1694), considerado o pai do Ukiyo-e, cunhou a gravura Ichimai-e ou Ichimai-zuri, ou seja, folha avulsa, pensada de forma autônoma. Mas com Okumura Masanobu, que para ganhar mais liberdade de expressão abriu sua própria editora, que o ukiyo-e ganhou inovação, com o desenvolvimento da gravura de perspectiva (uki-e) e de pilastra (hashira-e). E o artista Suzuki Harunobu a elevou a um grau de complexidade e sofisticação, compondo imagens de até dez cores impressas em blocos diferentes.
A temática era variada, mas se concentrava na vida urbana e as cenas do cotidiano (cortesãs, lutadores de sumô e atores de teatro kabuki, também nascido na época), com destaque, para as paisagens, cidades japonesas e as inúmeras representações/vistas do monte Fuji, um dos maiores cartões postais nipônicos. Com a abertura do Japão ao Ocidente, na Era Meiji (1868-1912), e a popularização de métodos mais baratos, como a gravura em metal, litografia e a fotografia, o ukiyo-e cai em desuso. Usado como papel de embrulho de porcelanas e cerâmicas exportadas para Europa, iria influenciar drasticamente pintores impressionistas franceses, como Claude Monet.