UM GUERREIRO A SERVIÇO DA CIDADANIA:
Veterano expedicionário, Alfredo Klas experimentou na prática aquilo que
conhecemos somente através dos livros, esta entrevista foi feita por alunos do Colégio Eurico Btaista Rosas.
Nascido em 30 de setembro de 1915, ele enfrentou a guerra, problemas
civis e militares. Tornou-se advogado, professor e escritor. Foi músico e
político. O ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Alfredo
Bertoldo Klas, acumula 22 condecorações recebidas, 97 anos de idade, uma
esposa, três filhos, nove netos, treze bisnetos e quatro trinetos. Ele
compartilha, nesta entrevista, experiências de sua trajetória e dá para a
juventude com a sabedoria de quem faz parte da história de seu país.
Colégio Eurico: O senhor entrou no exército muito jovem. Como aconteceu?
Alfredo Bertoldo Klas: Antigamente, quando o rapaz completava 18 anos ele tinha que ir para o quartel ou tirava o certificado em um curso de tiro ao alvo para guerra. Eu fiz o curso e depois entrei para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva no Exército Nacional, de onde saí como aspirante. Depois de noventa dias fui promovido ao posto de 2º tenente. Em 1943, fui promovido a 1º tenente. Em 1946, me tornei capitão, mas eu deixei os serviços militares no mesmo ano.
Alfredo Bertoldo Klas: Antigamente, quando o rapaz completava 18 anos ele tinha que ir para o quartel ou tirava o certificado em um curso de tiro ao alvo para guerra. Eu fiz o curso e depois entrei para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva no Exército Nacional, de onde saí como aspirante. Depois de noventa dias fui promovido ao posto de 2º tenente. Em 1943, fui promovido a 1º tenente. Em 1946, me tornei capitão, mas eu deixei os serviços militares no mesmo ano.
CE: Você sabia como era a guerra?
Klas: Eu sabia como era a guerra, mas estar lá e presenciar a guerra é muito diferente. O navio que nos levou para a Itália tinha 208 metros de comprimento e levava 5.300 soldados. Era um pequeno inferno. A guerra é uma escola para as pessoas que querem aprender a importância da vida. Lá, eu vi cidades sendo destruídas, pessoas sem casa, com fome e sentindo humilhação. Isso é a guerra.
Klas: Eu sabia como era a guerra, mas estar lá e presenciar a guerra é muito diferente. O navio que nos levou para a Itália tinha 208 metros de comprimento e levava 5.300 soldados. Era um pequeno inferno. A guerra é uma escola para as pessoas que querem aprender a importância da vida. Lá, eu vi cidades sendo destruídas, pessoas sem casa, com fome e sentindo humilhação. Isso é a guerra.
CE: Como foi deixar sua família, seu lar e sua cidade para servir ao
país, na guerra?
Klas: Eu já era casado e tinha dois filhos quando fui para a guerra. Eu lembro que quando estava subindo a escada do navio olhei para trás e me perguntei: “Será que voltarei?” Foi triste, mas eu tinha um objetivo e precisava cumpri-lo. Mas, sabe, eu senti que Deus estava comigo lá o tempo todo, é por isso que eu estou depois de testemunhar tanta brutalidade que costumávamos ter lá (emociona-se).
Klas: Eu já era casado e tinha dois filhos quando fui para a guerra. Eu lembro que quando estava subindo a escada do navio olhei para trás e me perguntei: “Será que voltarei?” Foi triste, mas eu tinha um objetivo e precisava cumpri-lo. Mas, sabe, eu senti que Deus estava comigo lá o tempo todo, é por isso que eu estou depois de testemunhar tanta brutalidade que costumávamos ter lá (emociona-se).
CE: É verdade que o senhor foi o primeiro Tenente a comandar uma companhia
de fuzileiros?
Klas: Sim. Fui um dos oficiais da reserva a comandar a linha três vezes.
Klas: Sim. Fui um dos oficiais da reserva a comandar a linha três vezes.
Pintura de Alfredo Klas / Capela Santa Barbara
CE: Conte-nos um pouco sobre a época em que era criança e os melhores
momentos que ficaram na sua memória.
Klas: Nasci em uma fazenda. Minha família não era rica, porém muito feliz. Eu lembro d eum dia que meu pai saiu a cavalo, pois não tínhamos carro, e voltou com um violino. Ele me disse: “Meu filho, você vai estudar música”. E eu estudei. Depois, já adulto, entrei para a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa e cheguei a ser presidente por nove vezes. Naquela época esta era a maior orquestra amadora do Brasil, com sessenta músicos.
Klas: Nasci em uma fazenda. Minha família não era rica, porém muito feliz. Eu lembro d eum dia que meu pai saiu a cavalo, pois não tínhamos carro, e voltou com um violino. Ele me disse: “Meu filho, você vai estudar música”. E eu estudei. Depois, já adulto, entrei para a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa e cheguei a ser presidente por nove vezes. Naquela época esta era a maior orquestra amadora do Brasil, com sessenta músicos.
CE: E sobre a escola. O senhor era um bom aluno?
Klas: A escola era muito diferente do que é hoje. Existe uma coisa que é impossível de esquecer: a régua. Os alunos levavam muitas reguadas na palma da mão, o que não foi o meu caso, porque eu sempre respeitei o professor. Hoje, o professor não tem o respeito dos alunos. Até hoje guardo uma foto do dia 7 de setembro onde aparecem o meu velho professor e os pais das outras crianças da escola.
Klas: A escola era muito diferente do que é hoje. Existe uma coisa que é impossível de esquecer: a régua. Os alunos levavam muitas reguadas na palma da mão, o que não foi o meu caso, porque eu sempre respeitei o professor. Hoje, o professor não tem o respeito dos alunos. Até hoje guardo uma foto do dia 7 de setembro onde aparecem o meu velho professor e os pais das outras crianças da escola.
CE: O senhor foi também advogado. Poderia nos contar um pouco sobre essa
etapa de sua vida?
Klas: Eu me formei em Direito em 1938 e por cinquenta anos atuei na defesa de pessoas carentes. Depois disso entrei para a Universidade Estadual de Ponta Grossa para lecionar a disciplina Estudos de Problemas Brasileiros, onde fui coordenador da disciplina e chefe do Departamento de História. Também fui presidente da comissão para a construção do campo de esportes, interventor do Centro Psicotécnico e diretor do Museu Campos Gerais.
Klas: Eu me formei em Direito em 1938 e por cinquenta anos atuei na defesa de pessoas carentes. Depois disso entrei para a Universidade Estadual de Ponta Grossa para lecionar a disciplina Estudos de Problemas Brasileiros, onde fui coordenador da disciplina e chefe do Departamento de História. Também fui presidente da comissão para a construção do campo de esportes, interventor do Centro Psicotécnico e diretor do Museu Campos Gerais.
CE: Como o senhor avalia a educação atualmente comparada ao tempo em que
o senhor lecionava?
Klas: Nós precisamos recuperar o valor do aprendizado porque os professores, hoje, fazem parte de uma classe desprotegida e mal remunerada. Alguns políticos, na véspera das eleições, prometem melhorar a saúde, segurança e educação, mas só prometem e não cumprem. Esta é a atual situação da educação no nosso país.
Klas: Nós precisamos recuperar o valor do aprendizado porque os professores, hoje, fazem parte de uma classe desprotegida e mal remunerada. Alguns políticos, na véspera das eleições, prometem melhorar a saúde, segurança e educação, mas só prometem e não cumprem. Esta é a atual situação da educação no nosso país.
CE: O senhor se tornou escritor. Por quê?
Klas: Porque eu tinha o desejo de contar o que realmente aconteceu na guerra. O meu primeiro livro foi “A verdade sobre Guanella: um drama da FEB”. Ele estava pronto em 1956, porém, não pude publicar devido à censura da época. Em 2002, cinquenta anos depois, eu publiquei. Meu segundo livro, “A verdade sobre Abetaia: drama de sangue e dor no 4º ataque da FEB ao Monte Castello”, foi publicado em 2005.
Klas: Porque eu tinha o desejo de contar o que realmente aconteceu na guerra. O meu primeiro livro foi “A verdade sobre Guanella: um drama da FEB”. Ele estava pronto em 1956, porém, não pude publicar devido à censura da época. Em 2002, cinquenta anos depois, eu publiquei. Meu segundo livro, “A verdade sobre Abetaia: drama de sangue e dor no 4º ataque da FEB ao Monte Castello”, foi publicado em 2005.
CE: O senhor tem alguma mensagem para deixar aos jovens?
Klas: Eu diria que devem aprender para saber, saber para fazer coisas boas, e usar a inteligência, a capacidade e a formação, e elevar Deus acima de tudo. O progresso, nossa pátria e a família são as bases da sociedade. Fortaleça seus ideais para que seja o instrumento de fortalecimento dos ideais morais, cívicos e educacionais, que irão influenciar o destino do país, a nossa casa. Nós devemos trabalhar pela nação, pelo povo e por nós, para sermos felizes.
Klas: Eu diria que devem aprender para saber, saber para fazer coisas boas, e usar a inteligência, a capacidade e a formação, e elevar Deus acima de tudo. O progresso, nossa pátria e a família são as bases da sociedade. Fortaleça seus ideais para que seja o instrumento de fortalecimento dos ideais morais, cívicos e educacionais, que irão influenciar o destino do país, a nossa casa. Nós devemos trabalhar pela nação, pelo povo e por nós, para sermos felizes.
Retrato feito pelo amigo Sidney Mariano.
>>O ex-combatente da FEB, Alfredo Bertoldo Klas,
também é um dos fundadores do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico de
Ponta Grossa; foi integrante e presidente da Orquestra Sinfônica de Ponta
Grossa, da Orquestra da Câmara da UEPG e da Orquestra de Concertos da Sociedade
Concórdia em Curitiba; é membro da Academia de Letras dos Campos Gerais.
Estudou Contabilidade, Administração e Direito. Klas também foi prefeito de
Palmeira (1951-1955).
Entrevista do Programa “Vamos Ler” feita por alunos do Colégio Eurico Batista Rosas e que participou do Concurso Mundial “Entrevista dos meus sonhos”
“Além de músico e escritos Porfessor Klas gostava de pintar telas com
paisagens dos Campos Gerais.
Pessoa de inteligência ímpar, sua conversa cativava, ouvi muitas
histórias de sua Vida e acompanhei algumas pinturas que ele fazia, tive o
privilégio de ser Curador de uma exposição sua no Espaço Cultural da Câmara
Municipal de Ponta Grossa. Além de um grande Artista era uma pessoa que só
fazia o bem. Descanse em paz Professor Alfredo Klas.”
Celso Parubocz.