Sincretismo religioso representa incentivo à cultura negra
Atividades festivas da Associação Cacique Pena Branca mesclam a cultura brasileira com a africana e constituem formas de arrecadar fundos e diminuir o preconceito da comunidade em relação à religião.
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No mês de junho, a igreja católica celebra as festas juninas em comemoração a Santo Antônio e São João. A origem das quermesses remete a tempos passados, quando se tinha apenas uma safra dos alimentos por ano. A festa, então, servia para agradecer aos santos e comemorar a colheita. O período é época de milho e amendoim, que servem como base para a maioria dos quitutes.
O sincretismo religioso surge durante o período colonial do Brasil. Os escravos africanos cultuavam o Candomblé, mas na condição de escravos não podiam exercer o credo livremente, por isso passaram a associar suas divindades aos santos católicos e exercer sua fé disfarçadamente. Incorporou-se então, o costume de dedicar um mês do ano a cada Orixá. “Pode-se encontrar muita semelhança e correlação entre as religiões africanas e brasileiras”, explica a candomblecista Tânia Mara Batista. Ela coordena a Sociedade Afro-Brasileira Cacique Pena Branca, que incentiva a cultura negra.
Tânia conta que mostrar as semelhanças entre os credos e abrir as portas da entidade são maneiras de informar as pessoas sobre as religiões afro e “tirar a imagem de macumbeiro, que temos”, afirma.
No mesmo bairro fica a igreja católica São Vedelino. O pároco, padre William, não concorda com a ‘apropriação’ dos Santos católicos pelo candomblé. “São coisas totalmente diferentes. O candomblé é cultura e não religião. Estão misturando duas coisas diferentes”, afirma o padre.
Ele considera que uma religião surge quando os fieis não concordam com o que é pregado e procuram algo que condiga com o que eles acreditam. “A Luterana e a Evangélica são pensamentos divergentes que originaram novas crenças. Agora, isso é cultura”, diz. Apesar de frequentar terreiros e ser adepta do candomblé, R.P.S. conta que não se identifica como candomblesista. “Quem sabe que sou da religião, me chama de macumbeira. Por isso digo que sou católica e continuo a frequentar a igreja também”, afirma.
Em junho celebra-se o Orixá Xangô, que simboliza a justiça, e corresponde a São João na religião católica. Em sua homenagem são preparados pratos que levam o fubá e o amendoim, os mesmos ingredientes utilizados nas festas juninas. “Não sei porque tanto preconceito. As religiões não são nada mais do que diferentes formas de termos fé”, afirma Tânia Mara. “O importante na religião é o ser humano e o seu bem estar. Se a pessoa tem fé, qualquer crença é válida”, afirma.
Orixá
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Santo Católico
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Euá
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Nossa Senhora das Neves
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Iansã
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Santa Bárbara
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Ibeijis
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Cosme e Damião
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Iemanjá
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Nossa Senhora da Conceição e dos Navegantes
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Logum
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São Miguel Arcanjo e Santo Expedito
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Nanã
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Sant’Ana
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Obá
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Santa Catarina, Santa Joana D´Arc e Santa Marta
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Obaluaiê
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São Lázaro e São Roque
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Ogum
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Santo Antonio e São Jorge
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Oxalá
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Jesus
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Oxóssi
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São Jorge e São Sebastião
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Oxum
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Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora Aparecida
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Oxumaré
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São Bartolomeu
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Xangô
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São Francisco de Assis, São Jerônimo, São João Batista e São Pedro
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Site da entidade: http://www.sabcpb.org.br/