quinta-feira, 14 de março de 2013

BIENAL INTERNACIONAL DE CURITIBA


Guilherme Artigas/CADERNO G - GAZETA DO POVO - 14/03/2013
Guilherme Artigas/Divulgação / Os curadores Ticio Escobar e Teixeira Coelho: sem título ou tema definido para a escolha das obrasOs curadores Ticio Escobar e Teixeira Coelho: sem título ou tema definido para a escolha das obras
VISUAIS

Uma Bienal para as ruas

Edição 2013 da Bienal Internacional de Curitiba terá como norte a arte urbana, e quer que os espectadores se encontrem espontaneamente com as obras.
valorizar a arte urbana e deixar um bom resíduo desse trabalho da cidade é a intenção dos curadores da edição 2013 da Bienal Internacional de Curitiba, que ocorrerá em mais de 100 espaços da capital entre os dias 31 de agosto e 1.º de dezembro. O crítico de arte Ticio Escobar e o curador do Museu de Arte de São Paulo (MASP), Teixeira Coelho, optaram por dar um novo rumo à Bienal e dispensaram a definição de um tema e um título para guiar a escolha das obras. Entretanto, a arte de rua foi o norte escolhido para a edição comemorativa do evento (que completa 20 anos), e guiará outros eventos paralelos, como o Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba – o FICBIC.
“Em princípio, diante da avalanche de produção contemporânea, um tema e um título parecem ajudar. Mas, na verdade, esse título prejudica. No fundo, sempre vai vigorar a opção pessoal do curador. Então, é melhor deixar que isso venha à tona claramente”, salienta Coelho. Outra análise feita pelo curador para a não utilização de um único tema tem relação com as características da arte contemporânea. “Ela pode ser vista por mais de um aspecto e perspectiva, não é um produto fechado, como acontecia durante a Renascença, por exemplo.”
Priscila Forone/Gazeta do Povo
Priscila Forone/Gazeta do Povo / O artista curitibano Rimon Guimarães realizou obra na fachada da Casa Hoffman, no Largo da Ordem, na Bienal de 2011. Neste ano, curadoria quer valorizar ainda mais a arte urbanaAmpliar imagem
O artista curitibano Rimon Guimarães realizou obra na fachada da Casa Hoffman, no Largo da Ordem, na Bienal de 2011. Neste ano, curadoria quer valorizar ainda mais a arte urbana
Cinema
Bienal terá festival de cinema paralelo em setembro
Com curadoria do cineasta Eduardo Baggio, a Bienal Internacional de Curitiba vai promover, em setembro, ainda sem um local definido, o Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba (FICBIC), com mostra nacional, internacional e universitária.
Segundo Baggio, a programação trará, no total, 10 longas-metragens estrangeiros e cinco curtas nacionais na progranação principal, além de mais de 10 filmes voltados para o público infantojuvenil e uma mostra competitiva universitária. “Ainda não fechamos com os filmes, mas posso adiantar que são produções importantes e recentes, que estão tendo grande repercussão em suas primeiras exibições internacionais. Todos os longas internacionais também são inéditos em Curitiba.”
Por enquanto, a Bienal está resguardando os nomes que devem integrar a programação, mas a ideia é trazer artistas brasileiros e estrangeiros que se sobressaem, principalmente, na área de arte urbana. “Essa é uma seção especial que queremos desenvolver e dar a ela toda a atenção que for possível. Eu, particularmente, sou um entusiasta da arte urbana, ela está aparecendo em vários lugares no mundo com força e resultados sólidos. Aqui no Brasil, essa atenção ainda não foi despertada, e a direção da Bienal aceitou essa proposta”, diz Coelho. A logística para trazer esse tipo de obra, segundo o curador, é mais complicada e cara, mas pode gerar resultados duradouros para a cidade, principalmente se alguns trabalhos forem conservados por um período maior do que os 100 dias de Bienal. “Se Curitiba insistir nessa linha, ela pode ter um resultado estético urbano bastante instigante.”
Por isso, além dos museus, pode se esperar ver muita arte em locais públicos e incomuns. “A ideia é colocar essa obra em edifícios pelos quais as pessoas passam, em ruas que transitam, em parques que frequentam habitualmente. Que ela veja e se relacione com a arte no seu deslocamento habitual”, conta Teixeira Coelho, frisando que a intenção é, ainda, evitar um pouco a ida específica para se ver arte. “Contra a qual não tenho nada, acho perfeito que seja assim. Mas o traço marcante da arte pública é de estar ali quando você passa por ela. Você pode ter a intenção de vê-la especificamente, ou ser surpreendido por sua presença.”
Acervo público
Dar atenção ao material artístico que já integra os acervos de museus estaduais e municipais é outro foco da Bienal 2013, trabalho que ficará a cargo de um núcleo inédito de curadoria coletiva, chamado de Prêmio Jovens Curadores. Com orientação da coordenadora curatorial Stephanie Dahn Batista, os curadores Ângelo Luz, Débora Santiago, Kamilla Nunes e Renan Araújo trarão propostas para ocupar espaços no Museu da Fotografia, Museu da Gravura, Museu de Arte Contemporânea (MAC), Casa Andrade Muricy (CAM), Museu Municipal de Arte (MuMA) e Museu Paranaense. “Esses jovens curadores visitaram os acervos e vão propor, com um olhar amplo e uma preocupação crítica, um diálogo entre esses espaços da cidade. Um artista contemporâneo poderá ser visto no Museu Paranaense, e vice-versa”, esclarece Stephanie.


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