sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Outro Louvre na França ....


 Outro Louvre na França, by Sanaa
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  (Foto: Hisao Suzuki )













Se em 2013 você pretende se deleitar com a pintura A Liberdade Guiando o Povo, clássico absoluto de Eugène Delacroix, não vá ao Louvre. Ou, ao menos, não vá ao Louvre em Paris, onde o quadro sempre esteve exposto. Esta e muitas outras obras da coleção do mais famoso museu do planeta foram enviadas para um novo edifício, construído na pequena cidade de Lens, a uma hora de distância da capital francesa via TGV. A escolha desta cidade de 36 mil habitantes revela a crença dos dirigentes franceses na descentralização e democratização da cultura, garantindo que todos tenham semelhante acesso à arte, sem privilegiar apenas os habitantes de grandes pólos comercias.
  (Foto: Iwan Baan)


O projeto, que custou 150 milhões de euros, foi desenvolvido pelo escritório japonês Sanaa, eleito dentre mais de 120 outros concorrentes que submeteram suas ideias à comissão julgadora. A arquitetura dos cinco pavilhões que compõem o conjunto do novo museu não remete às formas da sede parisiense, ou mesmo ao rebuscado desenho do Guggenheim em Bilbao, uma referência na concepção deste projeto, por também se tratar de uma filial de um grande museu numa cidade periférica. O desejo secundário na implantação da sucursal em Lens, depois da já citada disseminação cultural, é a de transformar a cidade, que encara a elevada taxa de desemprego de 16% atualmente.
  (Foto: Iwan Baan)
“A ideia não era um edifício marco, que se destaca por si só, mas uma construção que se relaciona com seu entorno, com a história local e que bem comporta o acervo que abarca”, disse a arquiteta Kazuyo Sejima, responsável pelo projeto junto de seu sócio Ryue Nishizawa. Ambos apaixonaram-se imediatamente pelo terreno onde o museu seria instalado ao conhecê-lo. Tratava-se de um espaço abandonado onde antes funcionava uma das muitas minas de carvão da cidade. Parte deste passado ainda aparece no novo cenário. Logo em frente à entrada principal, uma clareira em meio ao paisagismo de Catherine Mosbach marca o local onde os mineradores iniciavam a sua descida rumo ao subsolo. Além disso, os caminhos que levam os visitantes ao hall de entrada do museu ecoam os trajetos dos trilhos onde os vagões de transporte de carvão trafegavam.
  (Foto: Iwan Baan)A construção térrea abrange 28 mil m² e exibe fachadas reflexivas, cujos acabamentos variam entre o vidro e o alumínio anodizado – ou seja, o alumínio que passa por processos que dão a ele uma película protetora resistente. Externamente, a arquitetura do museu se compromete à premissa da transparência, de dois modos: a transparência literal e a figurativa. A segunda asserção se refere à reflexibilidade do aço, que torna a construção parcialmente invisível ao mimetizar a vegetação à sua volta. Vegetação esta que tem uma função social, além dos seus óbvios atributos ecológicos. “Há uma grande cisão entre este precioso novo edifício e as construções que o cercam. As pessoas que vivem ali não são jovens e descoladas, elas têm problemas financeiros e, assim, podem não se sentirem confortáveis com a vista do museu” explicou a paisagista Catherine, que optou por criar um parque que camufla o novo empreendimento do ponto de vista da rua.
  (Foto: Iwan Baan)
O pavilhão central, um retângulo de vidro, marca o acesso ao museu, dando espaço para a recepção, um café e a loja de presentes. Uma escada em espiral leva o visitante ao subsolo, onde o público, em pequenos grupos, pode conhecer o depósito onde as obras de arte não expostas são guardadas e uma área onde ocorrem restauros. O museu tem um caráter educacional. Um dos seus objetivos é ensinar ao público como olhar e apreciar a arte. As obras serão apresentadas de um modo inovador, imersas em um contexto didático, muito embasado nas novas pesquisar relacionadas à comunicação. Na principal e maior sala, a Galeria do Tempo, com 120 m de comprimento, a museóloga Adrien Gardère adotou a incomum organização cronológica das obras expostas – todas elas empréstimos do Louvre original.
  (Foto: Hisao Suzuki )
Sem divisões corriqueiras que separam a arte em agrupamentos reduzidos, Gardère diz ser mais fácil entender o desenvolvimento artístico das civilizações de modo completo. Numa mesma área que trata de um dado período, por exemplo, estarão à mostra um sarcófago romano e uma peça de arte islâmica (geograficamente distantes, mas de produção contemporânea). Em termos arquitetônicos, as paredes são revestidas de alumínio polido e a cobertura é sustentada por uma série de vigas metálicas dispostas paralelamente umas às outras. A luz natural entra por cima e o piso tem uma leve inclinação que segue a queda do terreno. Nas paredes de alumínio, nada é pendurado ou exposto, apenas nas paredes brancas, permitindo que o visitante se veja imerso em arte no reflexo destes planos.
Há ainda duas outras galerias onde mostras temporárias serão montadas, dando espaço a artistas contemporâneos. Nestas salas também serão exibidas obras emprestadas de vários museus. 
  (Foto: Iwan Baan)



  (Foto: Iwan Baan)

  (Foto: Iwan Baan)

  (Foto: Iwan Baan)

  (Foto: Iwan Baan)

  (Foto: Iwan Baan)

  (Foto: Hisao Suzuki )