OMA - O Office for Metropolitan Architecture - OMA (em
português, "Escritório para Arquitetura Metropolitana") é um
escritório de arquitetura com sede em Roterdã, fundado
pelos arquitetos Rem Koolhaas, Elia Zenghelis, Madelon
Vriesendorp e Zoe Zenghelis, em 1975.
Musee National des Beaux-Arts du Québec, Canadá, Quebec City,
http://oma.eu
Com projetos espalhados por todos os cantos do globo, era de se estranhar que o OMA, escritório capitaneado pelo lendário holandês Rem Koolhaas, ganhador do Prêmio Pritzker do ano 2000, nunca tivesse manifestado nenhum interesse formal pelo Brasil. Era. Dois importantes sócios do OMA estão no país para uma missão inicial de reconhecimento de terreno. Em meio a conversas com possíveis parceiros e uma palestra na Universidade de São Paulo, Shohei Shigematsu, arquiteto diretor do braço americano do escritório, e Victor van der Chijs, chefão administrativo da empresa, nos receberam para a conversa a seguir. E, de antemão, já avisaram: “O Brasil tem uma cultura muito exuberante. Queremos fazer parte disso”.
CASA VOGUE – O que exatamente vocês vieram fazer no Brasil?
Victor van der Chijs – Viemos para conhecer o mercado brasileiro. Estamos visitando lugares, conhecendo pessoas, tentando entender o que acontece aqui hoje, em termos culturais e comerciais.
CV – A ideia de vir partiu do escritório ou vocês receberam um convite?
VC – Nenhum convite. Isso é o que normalmente fazemos. Pesquisamos muito antes de começar qualquer projeto, e isso inclui visitar os lugares em que estamos interessados. Precisamos enxergar o local como um todo.
CV – E já acharam alguma coisa interessante?
Shohei Shigematsu – Tudo o que vi até agora. O Brasil tem muita história em arquitetura, é um dos lugares dos sonhos para se trabalhar para todo arquiteto. Esperamos que isso aconteça em breve.
CV – Que tipo de projeto vocês procuram no Brasil?
SS – Num país do tamanho do Brasil, com tantos eventos para acontecer nos próximos anos, os grandes projetos, públicos, são os que mais nos interessam.
VC – Mas isso não impede que façamos outras coisas, como um prédio residencial, por exemplo. Se for um projeto com o qual nos sintamos confortáveis, OK. O que não queremos é aterrissar uma nave espacial aqui e ir embora.
CV – Você uma vez disse que, desde que Frank Gehry projetou o Guggenheim de Bilbao, as pessoas tendem a esperar da arquitetura o mesmo efeito que o prédio teve sobre aquela cidade. Que consiga, sozinho, atrair muita gente para lá. Os projetos do OMA buscam esse tipo de efeito?
SS – Acho que nós tentamos, sim, criar prédios atraentes, mas não apenas pela forma. O conteúdo – como o prédio será usado, como se relaciona com a cultura local –, isso é igualmente importante. Nós não contestamos esse tipo de construção icônica, amamos o Guggenheim, inclusive. Mas, para nós, um ícone arquitetônico não pode se resumir apenas à forma.
CV – Nos últimos anos, Koolhaas tem levantado que talvez haja um excesso de construções tombadas em todo o mundo. Num mesmo momento, vocês decidem vir ao Brasil, um país onde a cultura dominante é demolir para construir algo novo por cima. Como vocês lidam com essa questão da preservação?
SS – Hoje em dia, as construções tombadas pela UNESCO ocupam uma área gigantesca [por volta de 4% de toda a superfície construída da Terra, segundo pesquisa do AMO, o braço acadêmico do OMA]. Essas construções são justapostas a outras extremamente novas, criando um desenvolvimento urbano meio contraditório. Acho que o foco talvez não deva se resumir apenas à preservação física, mas também à cultural. E, se a cultura do Brasil ou da China é a de demolir e construir, demolir e construir, talvez continuar a fazer isso seja uma forma de preservação…