A Bienal Internacional de Curitiba – Vento Sul 20 Anos faz uma revisão das bienais como formato e deixa de lado a prática da escolha de um tema e título. Resultado da ascendência do curador sobre o sistema da arte, essa prática hoje pouco convence. O vinculo entre o tema/título e as obras apresentadas em qualquer bienal é tênue ou imaginário, uma vez que quase qualquer tema/título, sempre um recurso espetacular de publicidade, pode aplicar-se a quase todo agrupamento de obras – diante da ampla indiferença do público. Como as obras permanecem e os temas/títulos se esquecem, esta edição da Bienal de Curitiba será focada na escolha de obras que possam representar uma experiência estética significativa para a cidade. O único critério para a escolha dessas obras é o da qualidade/pertinência: elas devem impor-se pela qualidade e serem capazes de apontar para algumas das inúmeras questões da arte contemporânea. Cada obra será seu próprio discurso. Nenhuma se submeterá ao logo do curador.
De todo modo, esta edição da Bienal de Curitiba abrirá especial espaço para aarte urbana, ator cada vez mais presente no cenário internacional e que se oferece a um contato direto e imediato com os usuários da cidade. Assim, a Bienal de Curitiba procurará deixar na cidade um resíduo artístico mais denso e duradouro que o habitual, inclusive por meio da instauração de laboratórios de reflexão e prática – LARPs — que buscarão apropriar-se das linhas de força contidas nas obras escolhidas e transformá-las em vetores de desdobramento da criação em Curitiba. As instituições de ensino e os diversos centros de reflexão da cidade – as escolas de arte, arquitetura, comunicação, os institutos de pesquisa — terão um papel relevante no processo.
A Bienal é uma forma que, como tal, contém os traços gerais pelos quais se define o gênero a que pertence e os aspectos singulares de qualquer uma de suas manifestações eventuais. A forma-bienal é hoje uma entidade em conflito: esta edição da Bienal de Curitiba reafirma os traços gerais da forma-bienal e os contraria tanto quanto pode fazê-lo sem anulá-la. A história o fará, se for o caso.
Teixeira Coelho e Ticio Escobar
Curadoria geral
A curadoria geral da Bienal Internacional de Curitiba 2013 está sob responsabilidade de dois dos mais importantes nomes da crítica de arte na América Latina.
A proposta da curadoria geral é não atrelar nenhum conceito ou tema à edição comemorativa dos 20 anos da Bienal. “Teremos como tarefa escolher, do imenso universo de obras que constituem o estoque de arte contemporânea, aquelas que a seu ver dão materialidade a questões centrais da reflexão e criação contemporâneas em arte”, afirmaram Escobar e Teixeira Coelho. Isso, segundo eles, dará mais liberdade na escolha das obras, com base na qualidade e pertinência, critérios que serão levados em conta.
Confira o currículo dos curadores gerais:
Teixeira Coelho possui pós-doutorado na University of Maryland, EUA (2002), doutorado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (1981), mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1976) e graduação em Direito pela Universidade Guarulhos (1971). Atualmente é professor de Política Cultural da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, aposentado. É curador-coordenador do Museu de Arte de São Paulo-MASP. Foi Diretor do MAC-USP. Ex-Diretor do IDART (Departamento de Informação e Documentação Artística do Centro Cultural São Paulo). Foi professor de Teoria da Informação e Percepção Estética e de História da Arte da Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie. É especialista em Politica Cultural e colaborador da Catedra UNESCO de Politica Cultural da Universidad de Girona, Espanha. Bolsa de Residência no Centro de Estudos e Conferências de Bellagio – Itália. É consultor do Observatorio de Politica Cultural do Instituto tau Cultural, São Paulo. Curador de diversas exposições realizados no MAC-USP e no MASP. Autor de diversos livros sobre cultura e arte, é ficcionista (PremioPortugal Telecom 2007 pelo livro Historia Natural da Ditadura, publicado em 2006 pela Ed. Iluminuras.
Ticio Escobar é licenciado em Filosofia, Direito e Ciências Sociais. Atua como professor, crítico de arte, conferencista e jurado em salões internacionais de arte. Autor de inúmeras publicações sobre suas especialidades, recebeu prêmios em vários países, entre eles o de Crítico de Arte do Ano (2011), da Associação Internacional de Críticos de Arte e o prêmio Príncipe Claus da Holanda para Cultura e o Desenvolvimento. De 1999 a 2004 dirigiu o programa “Identidades em Trânsito” promovido pela Fundação Rockefeller. Em 1998, ganhou a bolsa Guggenheim para estudar as relações entre imagem e o poder político. Foi curador geral da Trienal de Arte Contemporânea do Chile e da Mostra Outras Contemporaneidades Convivências Problemáticas na Bienal de Valência, Espanha. Foi curador da mostra Três Fronteiras da 6ª Bienal do Mercosul. Foi Ministro da Cultura do Paraguai, Secretário Municipal da Cultura da cidade de Assunção e Diretor do Centro de Artes Visuales / Museo Del Barro de Assunção.
Equipe da Bienal
Para realização da Bienal Internacional de Curitiba 2013, a comissão organizadora da Bienal selecionou uma equipe de competentes curadores convidados e consultores, que atuarão de acordo com diretrizes estabelecidas pela curadoria geral da Bienal.
A curadoria geral da Bienal de 2013 é dos experientes críticos de arte Teixeira Coelho e Ticio Escobar. Adriana Almada é curadora adjunta.
A coordenação curatorial é de Stephanie Dahn. Como curadores convidados foram definidos Tereza de Arruda, Maria Amélia Bulhões, Fabio Duarte, Fernando Ribeiro, Ricardo Corona e Tom Lisboa. Márcio Steuernagel e Michelle Moura são consultores curatoriais.
Denize Araujo assume a curadoria da mostra internacional de cinema da Bienal.
A ação educativa ficará sob responsabilidade de Guilherme Jaccon e Rosemeri Bittencourt Frachinski.